POETAS DE PARABÉNS
AL BERTO
As mãos pressentem a leveza rubra do lume
As mãos pressentem a leveza rubra do lume
repetem gestos semelhantes a corolas de flores
voos de pássaro ferido no marulho da alba
ou ficam assim azuis
queimadas pela secular idade desta luz
encalhada como um barco nos confins do olhar
ergues de novo as cansadas e sábias mãos
tocas o vazio de muitos dias sem desejo
e o amargor húmido das noites e tanta ignorância
tanto ouro sonhado sobre a pele tanta treva
quase nada
Al Berto
Natural de Coimbra, onde nasceu em 11 de janeiro de 1948, faleceu em Lisboa em
13 de junho de 1997.
Refratário do serviço militar, foi viver para a Bélgica, onde tirou um curso de pintura.
Apesar disso, decidiu dedicar-se à escrita. Regressou a Portugal, após o 25 de abril de 1974.
Artista multifacetado, além de poeta foi pintor e animador cultual.