quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

 POETAS DE PARABÉNS

ANTÓNIO MANUEL COUTO VIANA



Segredo

Fiz uma estátua de neve
(Mas há sol no meu pais!)
A mentira que se escreve
É a verdade com que a fiz.

Pus-lhe uma flor entre os dedos,
Para ver se os aquecia
— Não sei revelar segredos
Sem que floresças, poesia!

Para seres casto, sê breve
— Aonde a estátua de neve?

António Manuel Couto Viana








        António Manuel Couto Viana é natural de Viana do Castelo, cidade onde nasceu
em 24 de janeiro de 1923, vindo a falecer, em Lisboa, em 8 de junho de 2010.
        Começou por ser ator, atividade a que esteve longamente ligado também como empresário, 
diretor e orientador artístico de várias companhias e teatros.
        Poeta largamente consagrado recebeu, nesta qualidade, vários galardões, nomeadamente 
o de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

 POEMAS POR TEMAS

AMOR




Tema: Amor

Estrela da Tarde

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca tardando-lhe o beijo morria.
Quando à boca da noite surgiste na tarde qual rosa tardia
Quando nós nos olhámos, tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos, unidos, ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia.

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça
E o meu corpo te guarde.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria
Ou se és a tristeza.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza!

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram.
Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite se deram
E entre os braços da noite, de tanto se amarem, vivendo morreram.

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça
E o meu corpo te guarde.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria
Ou se és a tristeza.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza!

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso se é pranto
É por ti que adormeço e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto
Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!

José Carlos Ary dos Santos







        José Carlos Ary dos Santos, de seu nome completo, nasceu em Lisboa em 7 de dezembro 
de 1936, tendo falecido na mesma cidade, em 18 de janeiro de 1984.
        Consagrou-se como declamador e, nas letras portuguesas, como poeta.
        Como letrista de canções colaborou com grandes cantores portugueses, com especial realce 
para Fernando Tordo.
        Foi nessa qualidade que venceu 4 festivais da canção portuguesa, que apuraram Portugal 
para o Festival da Eurovisão.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023



A NOVA ARCÁDIA

        Com o decorrer do tempo a Arcádia foi-se extinguindo ao longo de todo o último quartel do séc. XVIII.
        Em 1790, Domingos Caldas Barbosa faz renascer um novo movimento com o nome de Nova Arcádia. Tal como o movimento anterior pretendia voltar à simplicidade e ao estilo bucólico.
        Aderiram novos cultores, entre os quais Boacage, Francisco Joaquim Bingre, Curvo Semedo, Nicolau Tolentino e Marquesa de Alorna, entre outros. A Nova Arcádia, porém, iria ter uma duração efémera.








Desejo Amante

Elmano, de teus mimos anelante,
Elmano em te admirar, meu bem, não erra;
Incomparáveis dons tua alma encerra,
Ornam mil perfeições o teu semblante:

Granjeias sem vontade a cada instante
Claros triunfos na amorosa guerra:
Tesouro que do Céu vieste à Terra,
Não precisas dos olhos de um amante.

Oh!, se eu pudesse, Amor, oh!, se eu pudesse
Cumprir meu gosto! Se em altar sublime
Os incensos de Jove a Lília desse!

Folgara o coração quanto se oprime;
E a Razão, que os excessos aborrece,
Notando a causa, revelara o crime.

             Bocage






        De seu nome completo Manuel Maria Barbosa L´Hedois du Bocage nasceu em Setúbal, em 15 de setembro de 1765 e faleceu em Lisboa, em 21 de dezembro de 1805.
        Como poeta, distinguiu-se como o mais lídimo representante do arcadismo português.

domingo, 1 de janeiro de 2023

 ANO NOVO 2023

Pela Paz


Pela Paz

Entra agora o novo ano
Em que se espera mudança;
Cada um constrói seu plano,
Alimentando a esperança
Duma vida renovada
Nos quatro cantos da terra
Para tornar eficaz,
Ao longo da caminhada,
Uma vivência sem guerra,
Um mundo em que haja Paz.

Juvenal Nunes