POETAS DE PARABÉNS
TEIXEIRA DE PASCOAES
De noite
Quando me deito ao pé da minha dor,
Minha Noiva-fantasma; e em derredor
Do meu leito, a penumbra se condensa,
E já não vejo mais que a noite imensa,
Ante os meus olhos íntimos, acesos,
Estáticos, surpresos,
Aparece-me o Reino Espiritual…
E ali, despido o habito carnal,
Tu brincas e passeias; não comigo,
Mas com a minha dor… o amor antigo.
A minha dor está contigo ali,
Como, outrora, eu estava ao pé de ti…
Se fosse a minha dor, com que alegria,
De novo, a tua face beijaria!
Mas eu não sou a dor, a dor etérea…
Sou a Carne que sofre; esta miséria
Que no silencio clama!
A Sombra, o Corpo doloroso, o Drama…
Teixeira de Pascoaes
Teixeira de Pascoaes é o pseudónimo literário adotado por Joaquim Pereira Teixeira
de Vasconcelos, nascido em Amarante em 2 de novembro de 1877 e falecido em Gatão, Amarante,
Nascido no seio de uma família da aristocracia rural, foi poeta, prosador e filósofo,
sendo a principal figura da corrente do saudosismo português.
Mário Cesariny considerou-o superior a Fernando Pessoa. Chegou a ser várias vezes nomeado
Tive o grato prazer de conhecer o solar de família onde viveu e faleceu, numa
visita guiada por uma sobrinha.