sexta-feira, 25 de novembro de 2022

 POETAS DE PARABÉNS

TEIXEIRA DE PASCOAES




De noite

Quando me deito ao pé da minha dor,
Minha Noiva-fantasma; e em derredor
Do meu leito, a penumbra se condensa,
E já não vejo mais que a noite imensa,
Ante os meus olhos íntimos, acesos,
Estáticos, surpresos,
Aparece-me o Reino Espiritual…
E ali, despido o habito carnal,
Tu brincas e passeias; não comigo,
Mas com a minha dor… o amor antigo.

A minha dor está contigo ali,
Como, outrora, eu estava ao pé de ti…
Se fosse a minha dor, com que alegria,
De novo, a tua face beijaria!

Mas eu não sou a dor, a dor etérea…
Sou a Carne que sofre; esta miséria
Que no silencio clama!

A Sombra, o Corpo doloroso, o Drama…

Teixeira de Pascoaes






        Teixeira de Pascoaes é o pseudónimo literário adotado por Joaquim Pereira Teixeira
de Vasconcelos, nascido em Amarante em 2 de novembro de 1877 e falecido em Gatão, Amarante,
 em 14 de dezembro de 1952.
        Nascido no seio de uma família da aristocracia rural, foi poeta, prosador e filósofo,
sendo a principal figura da corrente do saudosismo português.
        Mário Cesariny considerou-o superior a Fernando Pessoa. Chegou a ser várias vezes nomeado
 para o prémio Nobel da Literatura.
        Tive o grato prazer de conhecer o solar de família onde viveu e faleceu, numa
visita guiada por uma sobrinha.


domingo, 20 de novembro de 2022

 APRESENTAÇÃO DE LIVRO

        Decorreu no Centro Cultural de Rio Tinto a sessão de lançamento do livro de João Bragança Santos Na Clareira do Bosque.
        A apresentação decorreu num ambiente de são convívio e amizade.
        Deixo aqui duas imagens ilustrativas do acontecimento.




        Aqui fica um vídeo possível da apresentação.
        Por motivos imponderáveis não foi possível incluir momentos do Power Point, interação e convívio final.



                                       Juvenal Nunes

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

 CONVITE

APRESENTAÇÃO DE LIVRO





 

        Convidam-se todos os amigos autores e leitores do Palavras Aladas a estarem presentes nesta        sessão.
        Aos interessados, a residência de proximidade poderá facilitar a presença.
Muito obrigado.

Juvenal Nunes

Na Clareira do Bosque

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

 OS ÁRCADES

REIS QUITA




Idílio 

Praias, que banha o Tejo caudaloso:
Ondas, que sobre a areia estais quebrando:
Ninfas, que ides escumas levantando:
Escutai os suspiros dum saudoso.

E vós também, ó côncavos rochedos,
Que dos ventos em vão sois combatidos,
Ouvi o triste som dos meus gemidos,
Já que de Amor calais tantos segredos.

Ai, amada Tirceia, se eu pudera
Os teus formosos olhos ver agora,
Que depressa o pesar, que esta alma chora,
No gosto mais feliz se convertera!

Oh!, como então ficaras conhecendo
Quanto te amo, se visses a violência
Com que estão de meus olhos nesta ausência
Estas saudosas lágrimas correndo!

Tanto que neste pesar, que estou sentindo,
O triste coração se desfalece,
E tanto me atormenta, que parece
Que ao sofrimento a alma vai fugindo.

Mas oh, qual há de ser a crueldade
Deste terrível mal, em que ando envolto,
Se a qualquer parte, enfim, que os olhos volto,
Imagens estou vendo de saudade.

Reis Quita







        Domingos dos Reis Quita nasceu em Lisboa, em 6 de janeiro de 1728 e faleceu na mesma
 cidade, em 26 de agosto de 1770.
        Foi autodidata e ativo participante da Arcádia Lusitana, tendo-se notabilizado como poeta e representado o bucolismo.
        Teve uma paixão avassaladora por uma mulher de uma família amiga. De seu nome Teresa, 
essa mulher aparece imortalizada, nas suas poesias, como Tirceia.