POETAS DE PARABÉNS
ANTÓNIO RAMOS ROSA
Viste o cavalo varado a uma varanda?
Viste o cavalo varado a uma varanda?
Era verde, azul e negro e sobretudo negro.
Sem assombro, vivo da cor, arco-íris quase.
E o aroma do estábulo penetrando a noite.
Do outro lado da margem ascendia outro astro
como uma lua nua ou como um sol suave
e o cavalo varado abria a noite inteira
ao aroma de Junho, aos cravos e aos dentes.
Uma língua de sabor para ficar na sombra
de todo um verão feliz e de uma sombra de água.
Viste o cavalo varado e toda a noite ouviste
o tambor do silêncio marcar a tua força
e tudo em ti jazia na noite do cavalo.
António Ramos Rosa
em Lisboa, em 23 de setembro de 2013.
É considerado um dos maiores representantes da poesia contemporânea
portuguesa.
Publicou a revista Cadernos do Meio-Dia e foi um dos fundadores da revista
de poesia Árvore.
Autor de uma extensa obra poética, recebeu inúmeros prémios literários
de que destaco o Prémio Pessoa, em 1988.
A Universidade do Algarve atribuiu-lhe, em 2003, o grau de Doutor Honoris Causa.