domingo, 25 de dezembro de 2022

 ECOS DO 2º ENCONTRO TEMÁTICO

UM POEMA DE NATAL





       
        Hoje é dia de Natal.
        Neste dia, encerra-se o 2º Encontro Temático cuja iniciativa proporcionou a escrita de um texto acerca do tema proposto Um Poema de Natal..
        Aqui deste canto, no meu lar, entre a lareira e o presépio, agradeço a todos os participantes
que abrilhantaram esta iniciativa tornando-a um sucesso. Agradeço também a todos os visitantes, leitores e comentadores.
        Espero que os propósitos definidos para a comemoração natalícia possam perdurar no tempo, animando-nos e acompanhando-nos ao longo de todo o ano.
        A todos os que quiserem utilizar aqui fica também um demonstrativo da sua participação.
        Um grande bem haja a todos.
        Continuação de Boas Festas.

                    Juvenal Nunes




sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

 2º ENCONTRO TEMÁTICO

UM POEMA DE NATAL





Natal de Esperança

Há uma estrela especial,
Que cintila com mais brilho
Sempre que chega o Natal
Por ter nascido Deus-Filho.
.
No mais humilde curral
E de riquezas despido,
Sob um frio glacial
Foi o Deus-Jesus nascido.

Foram muitos peregrinos, 
Que vieram à chamada
Dos augúrios divinos,
Desde o romper da alvorada.

Viram da estrela o fulgor,
Vieram num corrupio
Envolvidos no amor
Por Deus dado em desafio.

Sinal do mundo em mudança,
É no fulgor dessa luz
Que acalentam nova esperança
Por ter nascido Jesus.

Juvenal Nunes





domingo, 11 de dezembro de 2022

 XIII Interação Fraterna de Natal


Companhia de Natal



Companhia de Natal


Em Belém, lá num curral,
Foram Jesus e Maria
Que velaram, no Natal,
A Jesus até ser dia.

Nessa noite escura e fria
De neve, finos cristais,
Jesus também recebia
O calor dos animais.

A manjedoura foi ninho
Dum belo ato de amor,
Foi mensagem de carinho
Que nos deu o Salvador.

Ao seguir o seu caminho
Num percurso de alegria
Dado pela sua luz,
Não irei passar sozinho,
Fico em boa companhia,
Passo o Natal com Jesus.

Juvenal Nunes




O vídeo sugere que se incluam, atualmente, novos palcos de guerra.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

 2º ENCONTRO TEMÁTICO

POEMA DE NATAL



        Estamos já na contagem decrescente para a celebração do Natal.
        Gostaria de propor, a todos os interessados, a escrita de uma poema sobre a referida         efeméride.

        Quem quiser participar deverá:

        -- postar o texto no seu blog, antecedido do distintivo pictográfico apresentado.

        Saudações natalícias,



        Juvenal Nunes  


Participantes:

        1 - Chica -  http://chicabrincadepoesia.blogspot.com/2022/12/pensando-o-natal.html#comment-form  

        2 - Janita - https://francis-janita.blogspot.com/2022/12/naquele-tempo-distante.html  

        3 - Sari - https://vocedivento.blogspot.com/2022/12/2-incontro-tematico-di-poesia-di-natale.html?sc=1670769454316#c3623942573102987973

        4 - Larissa - https://minhaliteraturinhaeu.blogspot.com/2022/12/segundo-encontro-tematico-blog-do.html?sc=1670769974360#c1733647438928584271

        5 - Gracita - http://socordell.blogspot.com/2022/12/2-encontro-tematico-poema-de-natal.html

        6 - Verena - http://bichinhosamados.blogspot.com/2022/12/bichinhos-encontro-tematico.html

        7 - Rosélia - https://www.escritosdalma.com.br/2022/12/pensando-o-natal.html

        8 - Manuela Barroso - http://reflexoesfloridas.blogspot.com/2022/12/encontro-tematico-de-natal.html

        9 - Ivaneide - http://profetizandotudoposso.blogspot.com/2022/12/2-encontro-tematico.html

        10 - Juvenal Nunes - Natal de Esperança

        11 - Marta Vinhais - http://escrevercomamor.blogspot.com/2022/12/2-encontro-tematico-blog-palavras-aladas.html

        12 - Maria Rodrigues - https://divargarempoesiaepensamentos.blogspot.com/2022/12/participacao-no-2-encontro-tematico-do.html

        13 - Olinda Melo - http://xailedeseda.blogspot.com/2022/12/2-encontro-tematico.html#comment-form

        14 - Ingrid - https://cantosespiritualesdeingridzetterberg.blogspot.com/2022/12/las-manos-de-mi-jesus.html


sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

 POEMAS POR TEMAS

VINICIUS DE MORAES




Tema: Paz



Tomara

Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz

E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais...

Vinicius de Moraes






        Vinicius de Moraes é um poeta e cantor brasileiro, já falecido.
        Deixou obra relevante nas letras brasileiras e na música do mesmo país, sendo 
um dos responsáveis pelo movimento da Bossa Nova.


sexta-feira, 25 de novembro de 2022

 POETAS DE PARABÉNS

TEIXEIRA DE PASCOAES




De noite

Quando me deito ao pé da minha dor,
Minha Noiva-fantasma; e em derredor
Do meu leito, a penumbra se condensa,
E já não vejo mais que a noite imensa,
Ante os meus olhos íntimos, acesos,
Estáticos, surpresos,
Aparece-me o Reino Espiritual…
E ali, despido o habito carnal,
Tu brincas e passeias; não comigo,
Mas com a minha dor… o amor antigo.

A minha dor está contigo ali,
Como, outrora, eu estava ao pé de ti…
Se fosse a minha dor, com que alegria,
De novo, a tua face beijaria!

Mas eu não sou a dor, a dor etérea…
Sou a Carne que sofre; esta miséria
Que no silencio clama!

A Sombra, o Corpo doloroso, o Drama…

Teixeira de Pascoaes






        Teixeira de Pascoaes é o pseudónimo literário adotado por Joaquim Pereira Teixeira
de Vasconcelos, nascido em Amarante em 2 de novembro de 1877 e falecido em Gatão, Amarante,
 em 14 de dezembro de 1952.
        Nascido no seio de uma família da aristocracia rural, foi poeta, prosador e filósofo,
sendo a principal figura da corrente do saudosismo português.
        Mário Cesariny considerou-o superior a Fernando Pessoa. Chegou a ser várias vezes nomeado
 para o prémio Nobel da Literatura.
        Tive o grato prazer de conhecer o solar de família onde viveu e faleceu, numa
visita guiada por uma sobrinha.


domingo, 20 de novembro de 2022

 APRESENTAÇÃO DE LIVRO

        Decorreu no Centro Cultural de Rio Tinto a sessão de lançamento do livro de João Bragança Santos Na Clareira do Bosque.
        A apresentação decorreu num ambiente de são convívio e amizade.
        Deixo aqui duas imagens ilustrativas do acontecimento.




        Aqui fica um vídeo possível da apresentação.
        Por motivos imponderáveis não foi possível incluir momentos do Power Point, interação e convívio final.



                                       Juvenal Nunes

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

 CONVITE

APRESENTAÇÃO DE LIVRO





 

        Convidam-se todos os amigos autores e leitores do Palavras Aladas a estarem presentes nesta        sessão.
        Aos interessados, a residência de proximidade poderá facilitar a presença.
Muito obrigado.

Juvenal Nunes

Na Clareira do Bosque

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

 OS ÁRCADES

REIS QUITA




Idílio 

Praias, que banha o Tejo caudaloso:
Ondas, que sobre a areia estais quebrando:
Ninfas, que ides escumas levantando:
Escutai os suspiros dum saudoso.

E vós também, ó côncavos rochedos,
Que dos ventos em vão sois combatidos,
Ouvi o triste som dos meus gemidos,
Já que de Amor calais tantos segredos.

Ai, amada Tirceia, se eu pudera
Os teus formosos olhos ver agora,
Que depressa o pesar, que esta alma chora,
No gosto mais feliz se convertera!

Oh!, como então ficaras conhecendo
Quanto te amo, se visses a violência
Com que estão de meus olhos nesta ausência
Estas saudosas lágrimas correndo!

Tanto que neste pesar, que estou sentindo,
O triste coração se desfalece,
E tanto me atormenta, que parece
Que ao sofrimento a alma vai fugindo.

Mas oh, qual há de ser a crueldade
Deste terrível mal, em que ando envolto,
Se a qualquer parte, enfim, que os olhos volto,
Imagens estou vendo de saudade.

Reis Quita







        Domingos dos Reis Quita nasceu em Lisboa, em 6 de janeiro de 1728 e faleceu na mesma
 cidade, em 26 de agosto de 1770.
        Foi autodidata e ativo participante da Arcádia Lusitana, tendo-se notabilizado como poeta e representado o bucolismo.
        Teve uma paixão avassaladora por uma mulher de uma família amiga. De seu nome Teresa, 
essa mulher aparece imortalizada, nas suas poesias, como Tirceia.

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

 POETAS DE PARABÉNS

MANUEL DA FONSECA









Noite de Sonhos Voada

Noite de sonhos voada
cingida por músculos de aço,
profunda distância rouca
da palavra estrangulada
pela boca amordaçada
noutra boca,
ondas do ondear revolto
das ondas do corpo dela
tão dominado e tão solto
tão vencedor, tão vencido
e tão rebelde ao breve espaço
consentido
nesta angústia renovada
de encerrar
fechar
esmagar
o reluzir de uma estrela
num abraço
e a ternura deslumbrada
a doce, funda alegria
noite de sonhos voada
que pelos seus olhos sorria
ao romper de madrugada:
— Ó meu amor, já é dia!...

Manuel da Fonseca








        Manuel da Fonseca é natural de Santiago do Cacém, onde nasceu em 15 de outubro de 1911.   Faleceu em Lisboa, em 11 de março de 1993
        Além de poeta, é também um reconhecido contista, romancista e cronista português.
        O seu lugar nas letras valeu-lhe ser agraciado com o grau de Comendador de Ordem de
 Sant`iago da Espada.
        É considerado um dos melhores escritores do Neorrealismo português.

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

 HORA DE OUTONO



Hora de Outono

Pela tarde, ao fim do dia,
Nem uma folha bulia
Nessa hora vesperal;
O verão foi de viagem,
Havia uma outra aragem
Dum tempo mais outonal.

A folhagem perde o viço
Por ser o tempo outoniço,
Fica rubra ou amarela;
Plantas na sua nudez
Dão voz à sua mudez,
Pintam de outra cor a tela.

Voam folhas a espaços,
Volteiam nos seus abraços
Em danças de fantasia;
Pelas lonjuras dos montes,
Aos confins dos horizontes
Leva-as a ventania.

Às folhas que a toda a hora
A natureza colora
Por ser tempo do outono,
Em carpete colorida
No chão encontram guarida
Para dormir o seu sono.

Juvenal Nunes



segunda-feira, 10 de outubro de 2022

 POEMAS POR TEMAS

MÚSICA




     Tema: Música


Fuga

O músico procura
Fixar em cada verso
O cântico disperso
Na luz, na água e no vento.

Porém, luz, vento e água
Variam riso e mágoa,
De momento a momento.

E em vão a área dos dedos
Se eleva! Não traduz
Os súbitos segredos
Escondidos no vento,
Nas águas e na luz…

Pedro Homem de Melo


                                            







        Pedro Homem de Mello nasceu no Porto, em 6 de setembro de 1904 e faleceu na
mesma cidade, em 5 de março de 1984.
        É um conceituado poeta e folclorista português.
        Foi colaborador das revistas Presença, Altura e Prisma entre outras.
        A ele se deve a criação e patrocínio de alguns ranchos folclóricos, no Minho.
        Foi agraciado, a título póstumo, com o grau de Comendador da Ordem do
Infante D. Henrique.

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

 NA CLAREIRA DO BOSQUE





        João Bragança Santos volta ao domínio da prosa e publica Na Clareira do Bosque.
        O trabalho pode inserir-se no campo da literatura infanto-juvenil.
        Trata-se de um fabulário de cuja leitura é possível extrair uma conclusão educativa.


        Os interessados na aquisição deste livro poderão fazê-lo, por encomenda postal,
    através deste blog.

        
        Também disponível, em suporte de papel, em Edições Flamingo, e, em formato
    digital, no E- Book.


Perfil Biográfico


        João Bragança Santos nasceu no ano de 1952, no mês de março, na freguesia de 
Sta. Maria de Sardoura, concelho de Castelo de Paiva, distrito de Aveiro, num lugar 
chamado Freixo, situado na margem esquerda do rio Douro.
        Na terra natal, concluiu os quatro primeiros anos de escolaridade, tendo rumado 
ao Porto para prosseguir os estudos.
        Cumpriu o serviço militar obrigatório e chegou a frequentar o ensino universitário.
        Ocupou-se, ao longo da vida, no mister do ensino, situação da qual se encontra aposentado.
        Publicou, em prosa, o livro Escrever no Pó – Histórias da História, em edição de autor. 
        São pequenas narrativas históricas com personagens duplamente reais, movendo-se 
entre a realidade, a ficção e o sobrenatural.
        Publicou, também, o livro Cintilações, em poesia, na Artelogy. Cintilações é o reflexo da 
caminhada, nos trilhos da vida, em que a estética e a sensibilidade dão as mãos, no 
firmamento da mente.

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

 POETAS DE PARABÉNS

JOSÉ LUÍS PEIXOTO





Não é um Gato

Não é um gato, é uma gata.
Compreendo que seja mais fácil
reduzir todos os gatos a gatos,
mas peço-lhe que, por fineza,
abra uma exceção. É uma gata,
não amamentou gatinhos,
ou porque não teve escolha,
ou, mais provavelmente,
porque não quis. É uma gata,
aluada em certas noites,
a lamber-se sem vergonha,
a desfrutar do seu próprio cio.
Compreendo que seja mais fácil,
sei que não fez por mal, nunca
ninguém faz por mal, já reparou?
Mas peço-lhe que preste atenção
e, no futuro, não volte a cometer
esse erro tão comum. É uma gata,
não é um gato, é uma gata.

José Luís Peixoto









        José Luís Peixoto é um autor português multifacetado, com obra largamente premiada 
quer na poesia quer na prosa.
        Nasceu em 4 de setembro de 1974, em Galveias.
        Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas começou por  exercer a carreira docente 
até se dedicar profissionalmente à escrita, a partir de 2001.

terça-feira, 20 de setembro de 2022

 CENTELHA





Centelha

A sombra do arvoredo
É dossel do nosso amor,
Que partilha esse segredo
Vivido com todo o ardor.

Tal como as aves nos ninhos,
No alfombre de verdura
Há juras de amor, carinhos,
Livres laços de ternura.

O amor assim vivido
Tem uma luz que espelha 
O que na alma mais brilha;
Por ser livre e consentido
Brilha mais essa centelha,
Que por tanto amor fervilha.

Juvenal Nunes



sábado, 10 de setembro de 2022

 A ARCÁDIA LUSITANA

OS ÁRCADES

CRUZ E SILVA







Vem, oh Noite Sombria

Vem, oh noite sombria, e revolvendo
O longo açoite, que à carreira acende
As fuscas Éguas, sobre a terra estende
De sombras carregado o manto horrendo:

Vem: e as brancas papoilas espremendo,
Em letárgico sono os mortais prende;
Que a minha bela Aglaia hoje me atende,
A meu amor mil glórias prometendo.

Se às minhas vozes dás benigno ouvido,
Encobrindo com teu escuro manto
Os suaves delírios de amor cego;

Imolar-te prometo agradecido
Um negro galo, que em contínuo canto
Se atreve a perturbar o teu sossego.

Cruz e Silva






        António Dinis da Cruz e Silva, de seu nome completo, viu a luz do dia em 4 de julho de 1731, em Lisboa e faleceu no Rio de Janeiro, em 5 de outubro de 1799.
        Notabilizou-se como poeta, sendo um dos fundadores da Arcádia Lusitana, também chamada Academia Olissiponense.
        Desempenhou vários cargos na magistratura, razão pela qual esteve emigrado no Brasil.
        Dentre as obras publicadas destaca-se O Hissope, a sua obra-prima.

sábado, 3 de setembro de 2022

 POEMAS POR TEMAS

ANTÓNIO ALEIXO



Tema: Mulher



A Gentil Camponesa

MOTE

Tu és pura e imaculada,
Cheia de graça e beleza;
Tu és a flor minha amada,
És a gentil camponesa.

GLOSAS

És tu que não tens maldade,
És tu que tudo mereces,
És, sim, porque desconheces
As podridões da cidade.
Vives aí nessa herdade,
Onde tu foste criada,
Aí vives desviada
Deste viver de ilusão:
És como a rosa em botão,
Tu és pura e imaculada.

És tu que ao romper da aurora
Ouves o cantor alado…
Vestes-te, tratas do gado
Que há-de ir tirar água à nora;
Depois, pelos campos fora,
É grande a tua pureza,
Cantando com singeleza,
O que ainda mais te realça,
Exposta ao sol e descalça,
Cheia de graça e beleza.

Teus lábios nunca pintaste,
És linda sem tal veneno;
Toda tu cheiras a feno
Do campo onde trabalhaste;
És verdadeiro contraste
Com a tal flor delicada
Que só por muito pintada
Nos poderá parecer bela;
Mas tu brilhas mais do que ela,
Tu és a flor minha amada.

Pois se te tenho na mão,
Inda assim acho tão pouco,
Que sinto um desejo louco:
Guardar-te no coração!…
As coisas mais belas são
Como as cria a Natureza,
E tu tens toda a grandeza
Dessa beleza que almejo,
Tens tudo quanto desejo,
És a gentil camponesa.

António Aleixo







 
       António Aleixo é um poeta popular português, nascido em Vila Real de Santo António, 
em 18 de fevereiro de 1899. Faleceu em Loulé, em 16 de novembro de 1949.
        Percorreu os caminhos da emigração, era humilde e nunca se libertou de um nível de vida
 próximo da pobreza.
       A sua obra apresenta um sentido filosófico da vida, em que está presente a ironia e a crítica
 social.
       O seu talento literário foi reconhecido em vida e o seu nome faz parte da história da literatura
 de língua portuguesa.

sábado, 27 de agosto de 2022

 POETAS DE PARABÉNS 

GONÇALO M. TAVARES




A Parte Invisível do Visível

A parte invisível do visível.
De resto conhecer mais o quê?
O Manifesto do Invisível.
Os lobos são a cabeça do anjo que não se vê.
Sangue no Focinho e Cobardia.

Gonçalo M. Tavares






         Nascido em agosto de 1970, Gonçalo M. Tavares execre a função de docente universitário 
e é já um escritor consagrado.
        Tem-se notabilizado na prosa e na poesia.
        O livro Jerusalém foi considerado um dos romances mais importantes de todos os tempos.

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

 SINAIS



Sinais

Não sabes o que me fazes
Quando me dás atenção,
Esse teu pesca-rapazes
É jogo de sedução.

Sinais e jogos de amor,
No amor não são demais,
Cada qual com o seu valor
Do amor são bons sinais.

A despertar os sentidos,
Há nos sinais do teu rosto
Sinais de rumos seguidos,
Num toque feito com gosto.

E nos rumos consentidos,
Em teu corpo, Vénus nua,
Há ternura, mel e mosto,
Que desfruto à luz da lua
Sob o céu azul de agosto.

Juvenal Nunes



quarta-feira, 10 de agosto de 2022

 HOMENAGEM A ANA LUÍSA AMARAL




        Numa altura em que se preparava uma homenagem, em vida, a Ana Luísa Amaral, a morte
ceifou-a do mundo dos vivos no passado dia 5 de agosto de 2022.
        O Palavras Aladas também já tinha reconhecido o seu merecimento na arte poética, aquando
da passagem do seu aniversário de nascimento, em abril último.
        Apesar da funesta ocorrência do seu passamento mantém-se a homenagem prevista à sua obra e
talento de poeta, pois é ela a figura de destaque da Feira do Livro do Porto 20022.
        Mais informação no link abaixo:




Minha Senhora de Quê

Dona de quê
Se na passagem onde se projetam
Pequenas asas deslumbrantes folhas
Nem eu me projetei

Se os versos apressados
Me nascem sempre urgentes:
Trabalhos de permeio refeições
Doendo a consciência inusitada

Dona de mim nem sou
Se sintaxes trocadas
O mais das vezes nem minha intenção
Se sentidos diversos ocultados
Nem do oculto nascem
(poética de Hades quem me dera!)

Dona de nada senhora nem
De mim: imitações de medo
Os meus infernos

Ana Luísa Amaral


O ser humano tem consciência da sua finitude.
A sua vivência decorre sem ser senhor da própria vida. 







quarta-feira, 3 de agosto de 2022


                                                                A ARCÁDIA LUSITANA


        A dinâmica evolutiva da poesia portuguesa levou a que, a seguir ao Barroco, surgisse um movimento poético conhecido por Arcadismo português.
        Estima-se que a Arcádia Lusitana se tenha iniciado por volta de 1756 e terminado, oficialmente, em 1825.
        Visava combater os excessos do espírito barroco e orientar a produção poética para uma estética neoclássica.
        Um dos seus principais fundadores e cultores foi Correia Garção.




Soneto

Três vezes vi, Marília, de alva lua,
Cheio de luz o rosto prateado,
Sem que dourasse o campo matizado,
A linda aurora da presença tua.

Então subindo à serra calva e nua,
De um íngreme rochedo pendurado,
Os olhos alongando pelo prado,
Chamava, mas em vão, a morte crua.

Ali comigo vinham ter pastores,
Que meus suspiros férvidos ouviam,
Cortados do alarido dos clamores.

Tanto que a causa do meu mal sabiam,
Julgando sem remédio minhas dores,
Por não poder-me consolar, fugiam.

Correia Garção








        Correia Garção nasceu em Lisboa, em 29 de abril de 1724 e faleceu na mesma cidade, em
10 de novembro de 1772.
        É um dos responsáveis pela eclosão do movimento da Arcádia Lusitana. 

quarta-feira, 27 de julho de 2022

 POEMAS POR TEMAS




Tema: O Mar


Passei o dia ouvindo o que o mar dizia

Eu ontem passei o dia
Ouvindo o que o mar dizia.

Choramos, rimos, cantamos.

Falou-me do seu destino,
Do seu fado…

Depois, para se alegrar,
Ergueu-se, e bailando, e rindo,
Pôs-se a cantar
Um canto molhado e lindo.

O seu hálito perfuma,
E o seu perfume faz mal!

Deserto de águas sem fim.

Ó sepultura da minha raça
Quando me guardas a mim?…

Ele afastou-se calado;
Eu afastei-me mais triste,
Mais doente, mais cansado…

Ao longe o Sol na agonia
De roxo as águas tingia.

«Voz do mar, misteriosa;
Voz do amor e da verdade!
– Ó voz moribunda e doce
Da minha grande Saudade!
Voz amarga de quem fica,
Trémula voz de quem parte…»

. . . . . . . . . . . . . . . .

E os poetas a cantar
São ecos da voz do mar!


António Boto








        António Botto nasceu em 17 de agosto de 1897, na Concavada e faleceu no Rio de Janeiro, em 16 de março de 1959.
        Notabilizou-se com poeta, contista e dramaturgo.
        Esteve emigrado em Angola, na Itália e no Brasil, onde faleceu.
        A sua obra mereceu a atenção de Fernando Pessoa.
        A lírica portuguesa reconheceu nas Canções a sua obra mais popular.

domingo, 17 de julho de 2022

 NAVEGAR PORTUGUÊS


Navegar Português

Oh! mar do amor português...
Longes tempos, tantas mágoas,
Onde vogaram galés
Contra ventos e marés
Abrindo sulcos nas águas
Que a força dos navegantes,
Na travessia do mar,
Por riquezas, bens fecundos,
Permitiu-nos alcançar
Outras terras, novos mundos.

Seja hoje pela paz
Que se sigam essas rotas,
Pois ao mundo todo apraz
Evitar guerras, derrotas.

Juvenal Nunes

                                                                      


domingo, 10 de julho de 2022

 POESIA BARROCA

BENTO TEIXEIRA





Prosopopeia

1 Cantem Poetas o Poder Romano,
submetendo Nações ao jugo duro;
o Mantuano pinte o Rei Troiano,
descendo à confusão do Reino escuro;
que eu canto um Albuquerque soberano,
da Fé, da cara Pátria firme muro,
cujo valor e ser, que o Céu lhe inspira,
pode estancar a Lácia e Grega lira.

Bento Teixeira

                                                      





        Supõe-se que Bento Teixeira terá nascido no Porto em 1561 e falecido em
Lisboa ou Pernambuco em 1600.
        Escreveu o poema épico Prosopopeia, de que aqui se transcreve a 1ª estrofe.
        Esta obra reflete grande influência de Os Lusíadas de Luís de Camões e mar-
cou o início do Barroco no Brasil.