quarta-feira, 22 de janeiro de 2020



Dulcilóquo

  Há no teu peito colinas,
    A rescender madrugadas,
No aroma das boninas
           Das manhãs mais orvalhadas.

          Envolve-me nos teus braços, 
Para sentir a doçura
              Com que aplacas meus cansaços,
Nesse gesto de ternura.

A despetalar saudades,
Em completa sintonia,
      Congregamos as vontades
       Na mais perfeita harmonia.

     Quando o amor nos seduz
      Que ninguém dele se tema,
     Na vida o que nos conduz
       É nele que encontra o lema.

                          Juvenal Nunes

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

POETAS DE PARABÉNS

EUGÉNIO DE ANDRADE



As Palavras

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?



Eugénio de Andrade nasceu em 19 de janeiro de 1923.
Óscar Lopes considerou-o o grande poeta do amor do séc. XX.
Os seus poemas são de grande valor estético associado a uma imagética variada.

sábado, 11 de janeiro de 2020

INSTRUMENTOS MUSICAIS

A Harpa

A harpa é um dos instrumentos musicais mais antigos da história do Homem.
São conhecidas harpas desde o tempo dos faraós, mais de 3000 anos antes de Cristo.
Apresenta uma estrutura triangular e integra o grupo dos instrumentos musicais de cordas dedilhadas.
O fascínio da sua sonoridade acabou por sensibilizar os mais românticos.

Juvenal Nunes






segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

We Three Kings - Clamavi De Profundis


   OS REIS MAGOS


OS REIS MAGOS


A quadra de Natal encerra as festividades natalícias com a Epifania. Trata-se de uma comemoração, consagrada pela Igreja Católica, que celebra a chegada dos reis magos ao estábulo de Belém, no dia 6 de janeiro.
A Bíblia refere a adoração dos reis pelo testemunho de São Mateus, no capítulo 2.9-12 do seu evangelho. São Mateus é, aliás, o único que se lhes refere sem contudo lhes atribuir nome. Do que escreve se depreende que foi a tradição popular que os considerou reis. Não há certezas a esse respeito julgando-se mais acertado considera-los sábios, astrónomos ou astrólogos, mas que, face às oferendas feitas, eram pessoas abastadas e de posses.
Ao seguirem a estrela diz o evangelista referido que foi pelo efeito de uma revelação interior que descobriram a relação entre o astro e o Messias.
Deve-se também à tradição o saber-se que eram três, em função das dádivas efetuadas, sendo os seus nomes referidos nos Evangelhos Apócrifos da Infância de Jesus. Chegaram a Belém montados em camelos e depararam com o Deus-Menino nascido em humilde manjedoura, rodeado pelos seus pais, na companhia de um burro de sage postura e de uma paciente vaca meditativa. Em função da sua aparição, assim expresso o meu canto poético:

Os magos do Oriente
Abrem ao Rei seu tesouro,
Cada qual com o seu presente
De mirra, incenso e ouro,
Pois um caminho de Luz
À manjedoura os conduz.

Adiantou-se Gaspar com a sua oferenda de incenso, cuja utilização nos templos simbolizava a espiritualidade. Seguidamente Belchior ofereceu mirra, dádiva de grande valor na época, porque era usada em embalsamentos e representava a imortalidade. Finalmente Baltasar ofereceu ouro, presente próprio da dignidade devida a um rei.
Diz-nos São Mateus que os magos haviam indagado, junto de Herodes, em Jerusalém, pelo rei dos judeus, que acabara de nascer. Aturdido, Herodes convocou os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo que o esclareceram acerca do assunto, baseados no escrito do profeta. Herodes, então, informou os magos de que deviam continuar viagem até Belém. Apenas lhes solicitou que o fizessem sabedor, assim que o encontrassem, para que também pudesse acorrer a adorá-lo. Os magos, avisados em sonhos para não tornarem a Herodes, regressaram às suas terras por outro caminho.
A festividade natalícia dos reis está na origem de algumas tradições que as pessoas foram cumprindo ao longo dos tempos.
Há em Portugal o costume de se cantarem as Janeiras e os Reis, usança que há décadas atrás também pude vivenciar. As diferentes designações não são aleatórias e devem explicar- se.
As Janeiras começam a um de janeiro e vão até ao dia 6 (dia de Reis). Saúdam a entrada do novo ano e os cantadores, designados janeireiros, recebem dádivas em géneros.
Os Reis são cantados entre o dia 5 e o dia 20 de janeiro. Comunicam o nascimento de Jesus, regalando-se os cantadores, designados reiseiros, com produtos do fumeiro, frutos secos, bebidas e doces. Ambas as situações podiam ser, também, contempladas com óbolos de natureza pecuniária.
Há zonas do país em que grupos organizados de pessoas vão cantando, de porta em porta, fazendo-se acompanhar de instrumentos musicais populares. Para além da alegria proporcionada por essa função confraternizam, entre si, com os produtos obtidos.
O escritor Aquilino Ribeiro, nos seus escritos, refere algumas quadras populares, cantadas em função desta popular tradição. Num dos seus livros, que justifica como o «… despetalar outonal de saudades,…», aborda o assunto desta tradição da seguinte forma: «Na alba do Ano Novo, ainda as árvores de caroço pela folha e os carvalhos pelos cerros pareciam rocas, grandes rocas carregadas de lã ruça, romperam os ranchos a pedir as janeiras.» --  …… -- «Estava um frio de rachar, dos beirais pendiam candeias de caramelo, e os rapazes, de pata ao léu, batiam o dente e sopravam às mãos encalidas.»
O retrato, revelado por estes excertos, transmite-nos o aticismo próprio do autor, verdadeiro mestre de língua.
Nos tempos que correm os rapazes já não andam de pata ao léu, embora o frio da época possa levar à reação de soprar às mãos entanguidas.
São outras as dificuldades que agora atravessamos mas a evocação da aparição dos reis magos, com o seu manancial de riquezas, faz-nos sonhar, perante o aumento do custo de vida, que sempre se agudiza no início de cada ano.

                                                                           Juvenal Nunes                          

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

André Rieu - Ode to Joy (All man shall be brothers) (Maastricht 2019)





      ANO NOVO 2020

Esperança Renovada

Foi-se embora o ano velho 
 Novo ano se perfila
Conta-se que seja o espelho
Duma vida mais tranquila.

A agrura que nos consome
Tantas vezes sem motivo
Encontre na paz que a dome
Um eficaz lenitivo.

Pomba branca mensageira
Vem anunciar a Paz 
Traz um ramo de oliveira
Sinal que a todos apraz.

Todos os povos da Terra 
Sonham todos ser irmãos
Numa recusa da guerra
Todos devem dar as mãos.

O sonho ao homem não cansa
Olhos postos no infinito
Sonha uma nova esperança
Livre de qualquer conflito.

Ter assim no novo ano
Um outro alor, outra força
Que nos livre do engano
De quem por bem mais se esforça
Numa busca denodada
Numa esperança renovada.

Juvenal Nunes