POETAS DE PARABÉNS
ANTÓNIO PATRÍCIO
De que me rio eu?
De que me
rio eu?... Eu rio horas e horas
só para me esquecer, para me não sentir.
Eu rio a olhar o mar, as noites e as auroras;
passo a vida febril inquietantemente a rir.
Eu rio porque tenho medo, um terror vago
de me sentir a sós e de me interrogar;
rio pra não ouvir a voz do mar pressago
nem a das coisas mudas a chorar.
Rio pra não ouvir a voz que grita dentro de mim
o mistério de tudo o que me cerca
e a dor de não saber porque vivo assim.
António
Patrício
António Patrício nasceu no Porto, em 7 de março de 1878 e faleceu em Macau, em 4 de junho
de 1930. Foi escritor e diplomata. Como escritor foi poeta e prosador.
Iniciou a sua atividade poética com a publicação do livro Oceano. Continuou na arte das letras evidenciando a sua veia de prosador como contista e dramaturgo.
Cultivou o simbolismo, o decadentismo e o saudosismo.