POETAS DE PARABÉNS
GONÇALVES DIAS
MINHA TERRA TEM PALMEIRAS
Minha
terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso
céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em
cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha
terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não
permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Gonçalves Dias
António Gonçalves Dias nasceu em 10 de agosto de 1823, na cidade de Caxias,
já com o Brasil independente e faleceu em 3 de novembro de 1864 num naufrágio ao
largo da costa brasileira, quando regressava de Portugal, onde retornara por razões
de saúde, que não conseguiu debelar.
Exilou-se em Portugal, em 1838, por se ter envolvido nas guerras contra a
independência do Brasil e acabou por se formar em Direito em Coimbra.
Apaixonou-se irremediavelmente por Ana Amélia Ferreira do Vale, no Brasil,
mas como era filho de um branco e de uma mestiça o preconceito racista falou mais alto
e a família da amada não autorizou o relacionamento.
Advogado, teatrólogo e poeta foi nesta última condição que alcançou notoriedade, sendo considerado um dos melhores poetas líricos da literatura brasileira.