quinta-feira, 21 de setembro de 2023

 POETAS DE PARABÉNS

PEDRO HOMEM DE MELLO





Inocência

De um lado, a veste; o corpo, do outro lado,
Límpido, nu, intacto, sem defesa...
Mitológico rosto debruçado
Na noite que, por ele, fica acesa!

Se traz os lábios húmidos e lassos
É que a paixão sem mácula ainda o cega
E tatuou na curva de alvos braços
As sete letras da palavra: entrega.

Acre perfume o dessa flor agreste.
Álcool azul o desse verde vinho.
De um lado o corpo; do outro lado, a veste
Como luar deitado no caminho...

Em frente há um pinheiro cismador.
O rio corre, vagaroso ao fundo.
Na estrada ninguém passa... Ai! tanto amor
Sem culpa!
Ai! dos Poetas deste mundo!

Pedro Homem de Mello







         Pedro Homem de Mello nasceu no Porto, em 6 de setembro de 1904 e faleceu na
mesma cidade, em 5 de março de 1984.
         É um conceituado poeta e folclorista português.
         Foi colaborador das revistas Presença, Altura e Prisma entre outras.
         A ele se deve a criação e patrocínio de alguns ranchos folclóricos, no Minho.
         Foi agraciado, a título póstumo, com o grau de Comendador da Ordem do
Infante D. Henrique.

51 comentários :

  1. PEDRO HOMEM DE MELLO portuense de grande mérito, tanto como poeta como professor.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Em poucas palavras disse o essencial acerca do autor.
      Obrigado pela visita e comentário.
      Seja sempre bem vinda.
      Abraço de amizade, Teresa Palmira.
      Juvenal Nunes

      Eliminar
  2. O rio passa em Cabanas
    Por entre Fragas ... Tão lindo
    Que embora desça da Serra
    Parece que vai subindo
    ^...^
    "Pedro Homem de Mello"
    .
    Deixo um kandando

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Agradeço a visita e o comentário expresso, que revela o conhecimento que tem do autor.
      Volte sempre.
      Abraço de amizade.
      Juvenal Nunes

      Eliminar
  3. Lembro-me do seu programa na RTP.

    Bom Outono, saudações cordiais.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Lembrou muito bem. O seu programa visava a promoção do folclore português.
      Que o outono lhe seja benéfico.
      Saudações cordiais.
      Juvenal Nunes

      Eliminar
  4. Pedro Homem de Mello, com uma vastíssima obra poética,
    talvez um tanto esquecido.
    Amália Rodrigues imortalizou, trazendo ao grande público,
    alguns poemas da sua autoria.
    Gostei muito de o ver aqui recordado.
    Um abraço amigo.
    Olinda

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O seu comentário, que muito agradeço, além de expressar o seu apoio e apreço pela publicação feita, revela a importância do autor em causa pela forma como aproveitado por outros artistas.
      Seja sempre bem vinda.
      Abraço de amizade.
      Juvenal Nunes

      Eliminar
  5. Hello!
    Great post. As always, you show us wonderful poetry, full of emotions, full of feelings! Thank you for the inspiration and have a wonderful autumn!
    Greetings from Poland :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Estou muito grato com a sua presença e com as elogiosas palavras do comentário.
      Espero que passe um outono agradável e com muita saúde.
      Volte sempre.
      Abraço amigo.
      Juvenal Nunes

      Eliminar
  6. El poema es encantadoramente de un erotismo virginal, donde las sinestesias olfativas y ópticas despiertan una ansiedad amorosa. Un abrazo. Carlos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Agradeço a sua visita e o seu ponderado comentário.
      Abraço de amizade.
      Juvenal Nunes

      Eliminar
  7. Un poetare intenso, e di magnifica lettura, che ho molto apprezzato.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigado pela visita e pelo comentário de positiva apreciação.
      Abraço de amizade, Silvia.
      Juvenal Nunes

      Eliminar
  8. Me gusto mucho el poema y conocer al autor. Te mando un beso.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigado pela visita e pelo comentário expresso.
      Abraço amigo.
      Juvenal Nunes

      Eliminar
  9. Obrigada por partilhar tão boa poesia!
    Bom fim-de-semana 😘

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Agradeço a visita e o apreço demonstrado.
      Continuação de boa semana com muita saúde.
      Abraço de amizade, Gracinha.
      Juvenal Nunes

      Eliminar
  10. Um poeta de P grande, Pedro Homem de Melo. E este poema é o exemplo disso mesmo.
    Excelente partilha, amigo Juvenal!
    Votos de um bom fim de semana.
    Abraço amigo.

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigado pela presença e comentário encomiástico.
      Continuação de bom fim de semana.
      Abraço poético.
      Juvenal Nunes

      Eliminar
  11. Respostas
    1. Obrigado pela visita e pela calorosa simpatia.
      Abraço amigo.
      Juvenal Nunes

      Eliminar
  12. Gosto um imenso da poesia de Pedro Homem de Melo; e fico contente que Amália e outros cantores a propaguem (também encontro na canção festivaleira que aqui botou alguma alegria apesar de referida a momentos passados). Se me permite, deixo aqui mais um poema do autor

    ÚLTIMAS VONTADES

    Na branca praia, hoje deserta e fria,
    De que se gosta mais do que de gente,
    Na branca praia, onde te vi um dia
    para sonhar, já tarde, eternamente,

    Achei (ia jurá-lo!) à nossa espera,
    Intacto o rasto dos antigos passos,
    Aquela praia, inamovível, era
    Espelho de pés leves, depois lassos!

    E doravante, imploro, em testamento,
    Que, nesta areia, a espuma seja a tiara
    Do meu cadáver, preso ao teu e ao vento...

    - Vaivém sexual, que o mar lega aos defuntos? -
    Se em vida, agora, tudo nos separa
    Ó meu amor, apodreçamos juntos!

    In "Ecce homo" – 1974

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não há dúvida de que se trata de uma conjugação poética de grande maestria, mas para falar com franqueza não gostei, devido ao caráter estritamente mórbido como termina.
      Abraço de amizade.
      Juvenal Nunes

      Eliminar
    2. Vai por aqui o comentário que queria fazer no seu blog sobre o texto os Fingidores.
      É um facto indesmentível que a falta de humanidade, no capítulo das relações humanas, é grande entrave para a ultrapassagem e resolução de muitos problemas.
      Fique bem no seu tempo sabático.
      Abraço de amizade.
      Juvenal Nunes

      Eliminar
  13. Respostas
    1. Agradeço a sua presença e a expressão do seu apoio e apreço.
      Continuação de bom fim de semana.
      Abraço amigo.
      Juvenal Nunes

      Eliminar
  14. Boa noite de outono, Juvenal!
    A inocência se entrega sem culpa mesmo que a façam culpada.
    Tenha uma nova Estação abençoada e feliz!
    Abraços fraternos de paz

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Agradeço a sua presença e o ponderado comentário.
      Sei que a primavera já chegou ao hemisfério sul pelo que desejo que possa beneficiar de todo o espírito que ela encerra.
      Abraço de paz e amizade.
      Juvenal Nunes

      Eliminar
  15. Toda una belleza de poema, amigo. Magia en las palabras.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Agradeço a presença e o comentário expresso.
      Abraço amigo.
      Juvenal Nunes

      Eliminar
  16. Linda poesias sobre a inocência.
    Linda homenagem , bem merecida!
    abraços praianos, tudo de bom, chica

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Apraz-me registar que gostou da publicação.
      Seja sempre bem vinda.
      Abraço de amizade, Chica.
      Juvenal Nunes

      Eliminar
  17. Wiersz pełen emocji i bardzo piękny... Życzę Ci cudownych dni i serdecznie pozdrawiam.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigado pela visita e comentário de apoio e apreço.
      Abraço poético.
      Juvenal Nunes

      Eliminar
  18. Respostas
    1. Obrigado pela presença e comentário de apreciação.
      Abraço de amizade.
      Juvenal Nunes

      Eliminar
  19. Foi um grande poeta! Gosto muito do poema que seleccionou. Também gosto muito do título do seu blogue e nunca lho disse!
    Um beijinho

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sinto-me lisonjeado pela globalidade do seu comentário, que muito agradeço.
      Seja sempre bem vinda.
      Abraço de amizade, Ana.

      Eliminar
  20. "...!Oh!, cuánto amor sin culpa"
    Esta estrofa me parece sublime. Encontrar y entender que, el amor, está exento de culpa.
    Un hermoso poema el que nos compartes, amigo Juvenal. Delicado, natural...
    No lo conocía, y ha sido un placer de lectura.
    Gracias.
    Un abrazo,y buen comienzo de semana.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O destaque que faz ao poema publicado faz todo o sentido e é condição para uma real expressão de sentimentos, que é crucial na envolvência de qualquer relacionamento.
      É um gosto recebê-la.
      Volte sempre.
      Abraço de amizade.
      Juvenal Nunes

      Eliminar
  21. Um grande poeta.
    Não fosse ele que tivesse dito "Havemos de ir a Viana"...
    Boa semana, um abraço.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Um poeta que valorizou a herança cultural das tradições do folclore minhoto.
      Boa semana.
      Abraço de amizade, Jaime.
      Juvenal Nunes

      Eliminar
  22. Um excelente poema de Pedro Homem de Mello, que ficou mais conhecido depois de ser cantado pela Amália.
    Tudo de bom.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A sensibilidade de de ambos acabou por fundir a arte de cada um.
      Votos de uma boa semana com muita saúde.
      Abraço de amizade.
      Juvenal Nunes

      Eliminar
  23. Volte sempre que quiser.
    Abraço de amizade.
    Juvenal Nunes

    ResponderEliminar
  24. Respostas
    1. Obrigado pela visita e palavras de apoio e apreço.
      Continuação de boa semana com muita saúde.
      Abraço de amizade.
      Juvenal Nunes

      Eliminar
  25. Tive-o, como professor de língua portuguesa no Infante D. Henrique do Porto. Também quis que aprendesse a bailar, mas não consegui dar esses passos tão vinculados ao Malhão e ao Vira.
    Um dos grandes que deixou nome, até no Fado.
    Forte abraço

    ResponderEliminar
  26. Una obra poetica deliciosa y bella. Gracias poe compartirlo. Un abrazo

    ResponderEliminar
  27. Me decidí seguir tus artículos por que nos das a conocer poetas en portugués. Tu imagen del perfil me recuerda a escritor gallego Ramón María de Valle Inclán.
    Los primeros acordes de la canción del video me hizo buscar quien fue quien fue su interprete en castellano y no fue otra que la cantante italiana Gigliola Cinquetti.

    Saludos.

    ResponderEliminar