quarta-feira, 26 de novembro de 2025

 POEMAS POR TEMAS

A MORTE





Tema: A Morte


Já me não pesa tanto o vir da morte

Já me não pesa tanto o vir da morte
Sei já que é nada, que é ficção e sonho,
E que, na roda universal da Sorte,
Não sou aquilo que me aqui suponho.

Sei que há muitos mundos que este pouco mundo
Onde parece a nós haver morrer –
Dura terra e fragosa, que há no fundo
Do oceano imenso de viver.

Sei que a morte que é tudo, não é nada,
E que, de morte em morte, a alma que há
Não cai num poço: vai por uma estrada
Em sua hora e a nossa, Deus dirá.

Fernando Pessoa







       Em 13 de junho de 1888, nasceu em Lisboa o poeta Fernando Pessoa. e faleceu na mesma
cidade em 30 de novembro de 1935. 
         Manifestou diversas personalidades literárias expressas nos diferentes heterónimos. É figura central do Modernismo português. Foi também um homem multifacetado tendo sido tradutor,
publicitário,astrólogo, filósofo, dramaturgo, ensaísta e crítico literário.
A verdadeira dimensão da sua obra só foi conhecida postumamente.

quarta-feira, 19 de novembro de 2025

 O SIMBOLISMO

ALBERTO OSÓRIO DE CASTRO





A SÚPLICA DA MÚMIA

Em Antínoë morri nova e linda. As sereias
Invejariam, sei, meu colo de mulher.
Minha pele espirava o aroma de hacopher
Meu cabelo enleava embruxadas cadeias.

Quem meus beijos provou não quisera morrer.
Quando eu passava engrinaldada de ninfeias
O desejo no olhar dos homens e em suas veias
Era uma flor eternamente a eflorescer.

E este ventre fendido e que te causa horror,
Viandante! já foi uma rosa de amor,
Mais rósea que o revoar de íbis róseos em bando.

Deixa esperar na sombra a minha múmia escura,
E hoje de mim só lembra esta viva pintura.
Meu olhar assim foi, inebriante e brando.

Alberto Osório de Castro





       
        Alberto Osório de Castro é o nome de um político e poeta português nascido em Coimbra
em 1 de março de 1868 e falecido em Lisboa em 1 de janeiro de 1946.
        Como político foi ministro da justiça no governo de Sidónio Pais. Como poeta integrou a
corrente simbolista, tendo evoluído, posteriormente, para um formalismo de sabor parnasiano.


quarta-feira, 12 de novembro de 2025

 POETAS DE PARABÉNS

MANUEL RUI




Quissange


Serenata  

Caem à noite pedras
sobre o templo
do silêncio
de espaço
um ruído de automóvel

um toque de sinos de uma igreja
monotonia diurna que não quebra
a queda das pedras
no silêncio

De dia o templo é
noite
e à noite há o silêncio

o esgaravatar de uma gaivota em fogo
o estalar de folhas novas
numa árvore
sabendo a vício este cigarro
de cheira a seiva dos pinheiros

E as pedras caem
como chuva ou neve
todas as noites que noites
já são poucas

E a seiva pedra sobre o templo
e a gaivota
o vício
a folha
quebrando este silêncio

Onde as guitarras?
Os quissanges acontecem longe

Manuel Rui 




        De seu nome completo Manuel Rui Alves Monteiro, nasceu no Huambo, a 4 de novembro 
de 1941.
        Estudou na universidade de Coimbra, onde se formou em Direito.
        Após o 25 de abril regressou a Angola onde assumiu diversos cargos académicos e políticos. 
        A letra do hino nacional de Angola é de sua autoria.
        É autor de vasta obra em prosa e em poesia.

        Quissange, de que apresentamos uma imagem, é o nome de um instrumento musical, que 
faz parte do espólio tradicional de Angola.


domingo, 2 de novembro de 2025

 TERTÚLIA DO AMOR 4




Bailinho

Na fina areia da praia,
A dançar com alegria,
A tua saia arredondas;
A leveza da cambraia
Completa a fantasia
Sob o murmúrio das ondas.

Juvenal Nunes





  A convite da amiga Rosélia aqui fica a minha participação ao desafio proposto.

domingo, 26 de outubro de 2025

 POEMAS POR TEMAS

DESTINO




Tema: Destino

A Nau Catrineta

Lá vem a Nau Catrineta,
que tem muito que contar!
Ouvide, agora, senhores,
Uma história de pasmar."

Passava mais de ano e dia,
que iam na volta do mar.
Já não tinham que comer,
nem tão pouco que manjar.

Deitaram sola de molho,
para o outro dia jantar.
Mas a sola era tão rija,
que a não puderam tragar."

"Deitaram sortes à ventura
qual se havia de matar.
Logo a sorte foi cair
no capitão general".

- "Sobe, sobe, marujinho,
àquele mastro real,
vê se vês terras de Espanha,
ou praias de Portugal."

- "Não vejo terras de Espanha,
nem praias de Portugal.
Vejo sete espadas nuas,
que estão para te matar."

- "Acima, acima, gajeiro,
acima ao tope real!
Olha se enxergas Espanha,
Areias de Portugal."

- "Alvíssaras, senhor alvíssaras,
meu capitão general!
Que eu já vejo tuas terras,
e reinos de Portugal.
Também vejo três meninas,
debaixo de um laranjal.
Uma sentada a coser,
outra na roca a fiar,
A mais formosa de todas,
está no meio a chorar."

- "Todas três são minhas filhas,
Oh! quem mas dera abraçar!
A mais formosa de todas
Contigo a hei-de casar"
- "A vossa filha não quero,
Que vos custou a criar.

- "Dou-te o meu cavalo branco,
Que nunca houve outro igual."
- "Guardai o vosso cavalo,
Que vos custou a ensinar."

- "Dar-te-ei tanto dinheiro
Que o não possas contar".
- "Não quero o vosso dinheiro
Pois vos custou a ganhar.-Dar-te-ei a Catrineta
Para nela navegares.”
Não quero a Nau Catrineta,
Que a não sei navegar.”

-“Que queres tu meu gajeiro,
Que alvíssaras te hei-de dar?
-“ Capitão, quero a tua alma,
Para comigo a levar!”

-“ Renego de ti, demónio,
Que me estavas a tentar!
A minha alma é só de Deus,
O corpo dou eu ao mar.”

Tomou-o um anjo nos braços,
Não no deixou afogar.
Deu um estouro o demónio.
Acalmaram vento e mar;

E à noite a Nau Catrineta
Estava em terra a varar.

Almeida Garrett





        Almeida Garrett nasceu no Porto, em 4 de fevereiro de 1799 e faleceu em Lisboa, em 9 de 
dezembro de 1854 .
        Combateu na guerra civil portuguesa de 1828-1834, pelos liberais.
        Foi orador e exerceu cargos políticos. Foi romancista histórico, dramaturgo e poeta. É uma 
figura cimeira da Literatura Portuguesa com grande expressividade no Romantismo.
        A Nau Catrineta faz parte do Romanceiro e Cancioneiro Geral, publicado por Garrett em 1843.

quinta-feira, 23 de outubro de 2025


 Tendo regressado é-me possível agora partihar algumas imagens da minha saída.



Já com os pés assentes na terra.


                                                                             Praia da Vitória



Manta de retalhos: verdejantes pastagens



                                                                     Uma de duas lagoas.
                                                  A água ocupa a cratera dos vulcões extintos.



                                                                               Vacas felizes



Cascata do Poço do Bacalhau



                                                                        Na Fábrica da Baleia.



             Um abraço para todos.

             Juvenal Nunes

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

 PALAVRAS ALADAS


Informo todos os amigos visitantes, leitores e colaboradores que o Palavras Aladas está de volta.

Por razões de ordem técnica não me é possível, de momento, deixar mais do que a canção do vídeo.




Abraço de amizade para todos.

Juvenal Nunes