sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

MINHA NOITE DE NATAL  ( X Interação Fraterna de Natal )



Noite de Natal

Minha noite de Natal,
Tem o fogo da lareira
Junto à Família Sagrada;
Uma chama especial,
Que aquece a noite inteira,
Na noite da Consoada.

Nessa noite de magia,
Os ramos do azevinho
Mais o calor de quem ama 
Dão a paz e a harmonia
 E são notas de carinho,
Mantendo acesa a chama
Dessa Luz que se derrama
E nunca perde o fulgor,
Porque se nutre de amor.

Juvenal Nunes


terça-feira, 10 de dezembro de 2019


                                                               POEMA DE NATAL                                                                           

                               


NATAL DE JESUS

Uma estrela brilha mais,
Rompendo da noite o véu,
Num curral com animais
Sob o anilado do céu.

Essa luz cumpre o destino,
Sobre o berço do Menino,
De para todos ser guia.
O brilho dos seus sinais,
Que as sendas alumia,
Brilha mais que as demais,
Mas não luz com essa Luz,
Que irradia de Jesus.

               Juvenal Nunes

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                   POETAS DE PARABÉNS

                     FLORBELA ESPANCA



                                 EU


                 Eu sou a que no mundo anda perdida,
                 Eu sou a que na vida não tem norte,
                 Sou a irmã do sonho, e desta sorte
                 Sou a crucificada... a dolorida...

                 Sombra de névoa ténue e esvaecida,
                 E que o destino amargo, triste e forte,
                 Impele brutalmente para a morte!
                 Alma de luto sempre incompreendida!...

                 Sou aquela que passa e ninguém vê...
                 Sou a que chamam triste sem o ser...
                 Sou a que chora sem saber porquê...

                 Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
                 Alguém que veio ao mundo para me ver,
                 E que nunca na vida me encontrou!


        Florbela Espanca nasceu em Vila Viçosa,  em 8 de dezembro de 1894.
      Poetisa de qualidade rara, viveu no ansiado e permanente desassossego de se encontrar, conforme bem expressa, nas suas produções poéticas.



segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

 POETAS MEDIEVAIS

Airas Peres Vuitorom



Joam Nicolás soube guarecer
de mort`um hom`assi per sa razom,
 (que foi julgad`a Foro de Leon):
 que nom devia de mort`a `storcer;
 e socorreu-s`assi com esta lei:
 "que nom deve justiça fazer rei
  em home que |e| na mão |nom| colher".

 E pois el`viu que devia prende
  mort`aaquel hom`assi disse-lh`entom:
 -"Ponho que fez aleiv|e| e traiçom
 e cousa já per que deva morrer.
  Dizede vós: se a terra leixar,
 que me nom achem i a justiçar,
  se poderám em mi justiça fazer?"


                  Não se sabe, com certeza, qual a real nacionalidade deste trovador:
 se era português ou galego.
                  Desenvolveu parte da sua atividade, em território português,
durante a guerra civil que opôs D. Sancho II ao futuro rei D. Afonso III.
                                                                                                                                                      
   




sábado, 30 de novembro de 2019


                                 





                        
INSTRUMENTOS MUSICAIS 

A GAITA

Este nome refere-se à gaita de foles.
Desde os gregos que existe documentação acerca da gaita de foles. Terá sido esse povo que a trouxe do Egito, tendo-se espalhado, depois, pelo império romano.
Tida inicialmente como instrumento pastoril, entrou nas cortes reais e chegou à organização militar.
É um instrumento de sopro.



Imagem do Google
                                          

sexta-feira, 29 de novembro de 2019


POETAS DE PARABÉNS

HERBERTO HÉLDER


Se te apreendessem minhas mãos, forma do vento
na cevada pura, de ti viriam cheias minhas mãos sem nada.
Se uma vida dormisses em minha espuma,
que frescura indecisa ficaria no meu sorriso?
- No entanto, és tu que te moverás na matéria
da minha boca, e serás uma árvore
dormindo e acordando onde existe o meu sangue.


Herberto Hélder nasceu no Funchal, em 23 de novembro de 1930.
É considerado o maior poeta português da segunda metade do séc. XX.

quinta-feira, 28 de novembro de 2019


O Cisne do Vouga


A constante humanização da paisagem, com o desbravar contínuo de espaços à natureza pertencentes, levou a que o homem se preocupasse com a criação de nichos ou santuários, que respeitassem a preservação das espécies vegetais e animais. Na sequência dessa situação, a observação de aves, no seu meio natural, constituiu-se numa forma de turismo da natureza, produto turístico de estratégia, enquadrado em atividades de lazer.
A exploração destas atividades é de tal forma importante que atrai a Portugal, anualmente, milhares de turistas. Pode avaliar-se a importância desta atividade se considerarmos, por exemplo, que Portugal é o único país da Europa onde é possível avistar-se uma águia imperial ou uma pega azul.
O avistamento de que aqui pretendo falar, contudo, é do Cisne do Vouga. O cisne não é autóctone da avifauna portuguesa e a sua ocorrência, em Portugal, é extremamente rara, mas este de que falo foi extremamente popular e conceituado na sua época e entre os seus pares, daí o epíteto que serve de título a este texto. Os seus voos não se realizavam em campo aberto, antes em sessões artísticas em tertúlias, salões e academias.
De quem se trata pois? Falo do poeta Francisco Joaquim Bingre, que viveu entre os sécs. XVIII e XIX. Nasceu na povoação de Canelas, situada na margem direita do Vouga, entre Angeja e Estarreja.
Quando os seus pais se mudaram para Lisboa, por motivo de negócios, acompanhou-os, mas a responsabilidade que lhe era exigida na atividade negocial dos seus progenitores aligeirou-a, entregando-se a uma febril e intensa participação em boémias sociais e tertúlias de cariz literário.
Possuía um fértil estro repentino que o transmutava sempre que se manifestava, revelando-o como um puro talento inato. A sua torrencial produção artística estendeu-se por cançonetas, elegias, epístolas, fábulas, hinos, madrigais, odes, sátiras, sonetos. Juntamente com Curvo Semedo, Ferrás de Campos e Caldas Barbosa foi fundador e sócio nº1 da Nova Arcádia de Lisboa, no ano de 1790. As sessões realizadas rapidamente foram implementadas e enriquecidas pela dinâmica de novos convidados como Bocage, também prestimoso improvisador e José Agostinho de Macedo. Com o decorrer do tempo esses encontros eivaram-se de controvérsias de que resultaram polémicas aguerridas e virulentas, que conduziram a desconforto e incompatibilidades entre os intervenientes, pelo que a duração da Nova Arcádia não foi além de um lustro, acabando por finar-se em 1795.
Enquanto membro da Nova Arcádia, Francisco Joaquim Bingre usou o criptónimo de Francélio Vouguense, numa alusão clara às suas origens. O fim da academia por si fundada, bem como o seu envolvimento em questões de natureza política, tratava-se de um liberal, levaram-no a que se retirasse para a vila de Mira, no distrito de Coimbra, em 1801. Aí exerceu funções de escrivão do Juízo, de Câmara e tabelião.
Apesar das suas obrigações profissionais nunca deixou de escrever, e mesmo quando esteve fisicamente inapto para o fazer ditava os seus poemas a um neto padre. Tendo estas linhas um caráter biográfico e de divulgação do seu nome e obra, transcrevo, de verbo ad verbum, um poema autobiográfico de Bingre, no ocaso da vida:

«Na aldeia de Canelas fui criado,
E nela também tive o nascimento;
Na corte de Lisboa, a meu contento,
Longo tempo fui afortunado:

Por génio natural às musas dado,
Numa Arcádia de um sábio ajuntamento,
Cultivei na poesia o meu talento,
E por Cisne do Vouga fui cantado:

A Fortuna, que às cegas sempre gira
Dando-me um encontrão daquela altura,
Nos vergéis me lançou da areenta Mira:

Aqui sem fausto algum, e sem ventura,
Quarenta anos pulsei eu inda a lira,
E aqui me abriu a morte a sepultura.»





Autor de uma abundante e extensa produção, só um número reduzidíssimo dos seus textos foi publicado enquanto viveu, apesar dos esforços do seu patrício Sebastião de Carvalho Lima em tornar pública a sua obra. Considerado um poeta pré-romântico é aceite como autor de nomeada pela qualidade acima da média dos seus textos.
Mais recentemente, entre 2000-2005, a professora Vanda Anastácio esmerou-se numa edição crítica da sua obra, em 6 volumes, publicada por uma das mais renomadas e prístinas editoras do Porto. Foi um importante contributo para a visibilidade e conhecimento deste autor, de quem se lamenta, pela sua qualidade e apesar de algumas iniciativas tomadas, não fazer parte dos estudos da História da Literatura Portuguesa.
Bingre veio a falecer aos 93 anos de idade, encontrando-se sepultado em Mira, em jazigo de família. A edilidade de Estarreja homenageou-o atribuindo o seu nome a uma das ruas da localidade e Canelas, terra da sua naturalidade, preiteou-o conferindo o seu nome à banda filarmónica da vila.
Possa a escrita deste texto contribuir para melhorar as possibilidades de avistamento do Cisne do Vouga, para que o seu voo tenha mais visibilidade no universo das letras portuguesas.


Juvenal Nunes


terça-feira, 30 de julho de 2019


  POETAS MEDIEVAIS


        RUI PAIS DE RIBELA


                                                   A donzela de Biscaia
                                                   ainda mi a preito saia
                                                        de noit`ou luar!

                                                   Pois m`agora assi desdenha,
                                                   ainda mi a preito venha
                                                            de noit`ou luar!

                                                   Pois dela sõo maltreito,
                                                   ainda mi venha a preito
                                                             de noit`ou luar!


                     Foi um trovador galego ativo na segunda metade do séc XIII.
                     Frequentou a corte castelhana no reinado de Afonso X.

                               

domingo, 14 de julho de 2019


          A FLAUTA


                    A flauta é o primeiro dos instrumentos musicais concebido
               pelo homem. Os mais primitivos foram construídos em osso.
                    Posteriormente foram feitos a partir de diferentes variedades de madeira.
                   É um instrumento aerofone, quer dizer que emite som a partir da vibração
               provocada pela passagem do ar.




domingo, 7 de julho de 2019



     POETAS DE PARABÉNS


           AUGUSTO GIL                                         



 GRÃO DE INCENSO

Encontraste com ar cansado 
Numa igreja fria e triste. 
Ajoelhei-me ao teu lado 
– E nem ao menos me viste...

Ficaste a rezar ali, 
Naquela imensa tristeza. 
Rezei também, mas a ti. 
– Que aos anjos também se reza...

Ficaste a rezar até 
Manhã dentro, manhã alta. 
Como é que tens tanta fé 
E a caridade te falta?...


          Augusto Gil nasceu em Lordelo do Ouro, no Porto, em 31 de julho de 1873

segunda-feira, 24 de junho de 2019

                                                                TEMPO DE S. JOÃO






             QUADRA DE S. JOÃO

           
            No S. João há balões,
              A voar com as estrelas,
           São os moços foliões
                  A bailar com as donzelas.

                      Juvenal Nunes

segunda-feira, 17 de junho de 2019


  POETAS MEDIEVAIS

                                       
 JOÃO GARCIA DE GUILHADE



                                  A bõa dona por que eu trobava,
                                  e que nom dava nulha rem por mi,
                                   pero s´ela de mi rem nom pagava,
                                  sofrendo coita sempre a servi,
                                  e ora já por ela ´insandeci,
                                  e dá por mi bem quanto x´ante dava.

                                  E pero x´ela com bom prez estava
                                  e com |tam| bom parecer, qual lh´eu vi,
                                  e lhi sempre com meu trobar pesava,
                                  trobei eu tant´e a servi
                                  que já por ela lum´e sem perdi;
                                  e anda -x´ela por qual x´ant´andava:

                                  por de bom prez; e muito se preçava,
                                  e dereit´é de sempr´andar assi;
                                  ca, se lh´alguém na mia coita falava,
                                  sol nom oía, nem tornava i;
                                  pero, por coita grande que sofri,
                                  oimais hei dela quant´haver cuidava:

                                  sandec´e morte, que busquei sempr´i,
                                  e seu amor me deu quant´eu buscava!



            Foram-lhe reconhecidos méritos na mestria poética, sendo que algumas
 das suas produções denotam uma acento brejeiro.
                             

 


terça-feira, 11 de junho de 2019


                        A Cítola
 
        É também um instrumento de cordas, que alguns
 conheciam por cistre.
       Apresenta uma forma periforme e há quem a conside-
 re precursora da guitarra portuguesa.


sexta-feira, 17 de maio de 2019


                                                        

                             

                                                  POETAS  DE PARABÉNS

 AUGUSTO CASIMIRO







                                           

Do Primeiro Regresso

Escuta, meu Amor, quando eu voltar
De tão longe, e avistar de novo o Tejo,
O meu Restelo que em saudades vejo
Como outra nova Índia a conquistar;

Quando a minha alma inquieta sossegar
Este voo indomável, num adejo,
E o amor e o céu e Deus, vivos num beijo,
Iluminarem todo o nosso lar;

Quando, meu Santo Amor, voltar o dia
Do primeiro regresso, e a aleluia
Madrugar tua alma anoitecida...

Hás-de embalar-me sobre o teu regaço
Arrolar, encantar o meu cansaço...
E então será o meu regresso à Vida! 


                      Augusto Casimiro nasceu em 11 de maio de 1889

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

                       O Alaúde
                                                                                                                                                                           
     O alaúde era um dos instrumentos mais utilizados nos
 saraus medievais. Trata-se de um instrumento cordo-
 fone. A sua  utilização viria a tornar-se mais frequente
 no período do Renascimento.

terça-feira, 1 de janeiro de 2019


                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           






                            Ano Novo


                                                            
           Chego novo em cada ano, 
           Sempre de pé ante pé,
           Faça frio ou faça neve 
           A ninguém levo ao engano,
           Assomo  por boa fé,                  
           Naquele instante mais breve.          

           Há propostas renovadas          
           Mesmo em vida tão fugaz          
           Como é a vida humana.          
           Soadas as badaladas               
           Há votos de muita paz            
           Que a guerra nos desengana. 
              
            Todo aquele que se reveja     
            Nos confrontos desta vida,   
            Busca a mesma afinidade    
            E com vontade deseja         
            Ver a tarefa cumprida          
            Na melhor prosperidade.    

             O novo ano renova              
             Outras metas a alcançar      
             Cada qual com o seu valor     
             E que toda a gente aprova    
             Como bens a preservar:     
             Ter a melhor atitude          
             Para manter a saúde         
             E viver sempre o amor.    

                                                          Juvenal Nunes