sábado, 27 de junho de 2020

POETAS DE PARABÉNS

FERNANDO PESSOA




Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à  minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.


                Fernando Pessoa



    Em 13 de junho de 1888, nasceu em Lisboa o poeta Fernando Pessoa. Manifestou
diversas personalidades literárias expressas nos diferentes heterónimos. É figura central do
Modernismo português. Foi também um homem multifacetado tendo sido tradutor,
publicitário,astrólogo, filósofo, dramaturgo, ensaísta e crítico literário.
    A verdadeira dimensão da sua obra só foi conhecida postumamente.




quarta-feira, 17 de junho de 2020



Desejo

Quisera ter-te nos braços
A despir-te peça a peça,
A despetalar sem pressa,
Num ardor feito de abraços,
Essa corola rosada,
Finalmente desnudada,
Do teu jardim mais secreto,
Onde a paixão abrasada
Toma o fruto predileto.

                   Juvenal Nunes



sábado, 13 de junho de 2020

POETAS MEDIEVAIS

PERO DE ARMEA




O maior sofrimento que Deus quis fazer,
senhor formosa, a mim o destinou
naquele dia que de mim vos afastou;
mas Deus, senhor, nesse desprazer,
 grande sofrimento  deu-me também,
mas agora que vos vejo, és minha luz e meu bem.

Da mágoa que houve em meu coração
no dia, senhor, em que me fui daqui,
admiro-me porque não morri
com tão grande dor, e se  Deus não me perdoa,
grande sofrimento deu-me  também,
mas agora  que vos vejo, és minha luz e meu bem.

Disso houve tal dor da qual vos direi:
no dia em que de vós fui partir
que, se cuidei desse dia sair,
Deus me prive da vida e de quanto hei,
se já grande mágoa tenho também,
agora que vos vejo, és minha luz e meu bem.





          Pero de Armea foi um jogral natural do norte da Galiza.
         Esteve em atividade nos meados do séc. XIII, atuando nos círculos
    cortesãos do magnate D. Rodrigo Gomes de Trastâmara.
         Acompanhou os itinerários da corte castelhana de Afonso X,
    grande referência da época

segunda-feira, 8 de junho de 2020

INSTRUMENTOS MUSICAIS

A PANDEIRETA




    A pandeireta é um instrumento musical de percussão. É uma herança da civilização romana.
É de forma circular com um aro de madeira sendo o círculo preenchido por uma pele. A sua circunferência apresenta soalhas feitas de metal distribuídas aos pares e que produzem som.
Ainda hoje é muito usada em países como Portugal, Espanha e Rússia.
    Em Portugal, é um instrumento comum nas músicas tradicionais dos ranchos folclóricos.