POETAS DE PARABÉNS
MANUEL ALEGRE
As Mãos
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com
mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no Tempo como
farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada
cidade.as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
Manuel Alegre é um poeta português vivo, nascido em Águeda, em 12 de maio de 1936.
Republicano convicto é também um político com um passado revolucionário. Esteve exilado durante 10 anos, tendo regressado a Portugal, após o 25 de abril.
Autor largamente reconhecido recebeu, entre outros, em 1999, o Prémio Pessoa, pelo conjunto da sua obra e, em 2017, o Prémio Camões, o maior prémio literário de língua portuguesa.