sábado, 27 de agosto de 2022

 POETAS DE PARABÉNS 

GONÇALO M. TAVARES




A Parte Invisível do Visível

A parte invisível do visível.
De resto conhecer mais o quê?
O Manifesto do Invisível.
Os lobos são a cabeça do anjo que não se vê.
Sangue no Focinho e Cobardia.

Gonçalo M. Tavares






         Nascido em agosto de 1970, Gonçalo M. Tavares execre a função de docente universitário 
e é já um escritor consagrado.
        Tem-se notabilizado na prosa e na poesia.
        O livro Jerusalém foi considerado um dos romances mais importantes de todos os tempos.

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

 SINAIS



Sinais

Não sabes o que me fazes
Quando me dás atenção,
Esse teu pesca-rapazes
É jogo de sedução.

Sinais e jogos de amor,
No amor não são demais,
Cada qual com o seu valor
Do amor são bons sinais.

A despertar os sentidos,
Há nos sinais do teu rosto
Sinais de rumos seguidos,
Num toque feito com gosto.

E nos rumos consentidos,
Em teu corpo, Vénus nua,
Há ternura, mel e mosto,
Que desfruto à luz da lua
Sob o céu azul de agosto.

Juvenal Nunes



quarta-feira, 10 de agosto de 2022

 HOMENAGEM A ANA LUÍSA AMARAL




        Numa altura em que se preparava uma homenagem, em vida, a Ana Luísa Amaral, a morte
ceifou-a do mundo dos vivos no passado dia 5 de agosto de 2022.
        O Palavras Aladas também já tinha reconhecido o seu merecimento na arte poética, aquando
da passagem do seu aniversário de nascimento, em abril último.
        Apesar da funesta ocorrência do seu passamento mantém-se a homenagem prevista à sua obra e
talento de poeta, pois é ela a figura de destaque da Feira do Livro do Porto 20022.
        Mais informação no link abaixo:




Minha Senhora de Quê

Dona de quê
Se na passagem onde se projetam
Pequenas asas deslumbrantes folhas
Nem eu me projetei

Se os versos apressados
Me nascem sempre urgentes:
Trabalhos de permeio refeições
Doendo a consciência inusitada

Dona de mim nem sou
Se sintaxes trocadas
O mais das vezes nem minha intenção
Se sentidos diversos ocultados
Nem do oculto nascem
(poética de Hades quem me dera!)

Dona de nada senhora nem
De mim: imitações de medo
Os meus infernos

Ana Luísa Amaral


O ser humano tem consciência da sua finitude.
A sua vivência decorre sem ser senhor da própria vida. 







quarta-feira, 3 de agosto de 2022


                                                                A ARCÁDIA LUSITANA


        A dinâmica evolutiva da poesia portuguesa levou a que, a seguir ao Barroco, surgisse um movimento poético conhecido por Arcadismo português.
        Estima-se que a Arcádia Lusitana se tenha iniciado por volta de 1756 e terminado, oficialmente, em 1825.
        Visava combater os excessos do espírito barroco e orientar a produção poética para uma estética neoclássica.
        Um dos seus principais fundadores e cultores foi Correia Garção.




Soneto

Três vezes vi, Marília, de alva lua,
Cheio de luz o rosto prateado,
Sem que dourasse o campo matizado,
A linda aurora da presença tua.

Então subindo à serra calva e nua,
De um íngreme rochedo pendurado,
Os olhos alongando pelo prado,
Chamava, mas em vão, a morte crua.

Ali comigo vinham ter pastores,
Que meus suspiros férvidos ouviam,
Cortados do alarido dos clamores.

Tanto que a causa do meu mal sabiam,
Julgando sem remédio minhas dores,
Por não poder-me consolar, fugiam.

Correia Garção








        Correia Garção nasceu em Lisboa, em 29 de abril de 1724 e faleceu na mesma cidade, em
10 de novembro de 1772.
        É um dos responsáveis pela eclosão do movimento da Arcádia Lusitana.