POETAS DE PARABÉNS
MIGUEL TORGA
Súplica
Agora que o silêncio é
um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.
Miguel Torga
Miguel Torga nasceu em S. Martinho de Anta em 12 de agosto de 1907 e faleceu
em Coimbra, em 17 de janeiro de 1995.
Oriundo de uma família humilde que trabalhava na agricultura, começou a trabalhar
com 10 anos de idade. Após uma curta passagem pelo seminário emigrou para
o Brasil aos treze anos para trabalhar numa fazenda de café, pertencente a um tio.
Devido à sua enorme capacidade de aprendizagem o tio permitiu-lhe que ´prosseguisse os
estudos, no Brasil. Cinco anos volvidos regressa a Portugal, conclui os estudos liceais
e acaba por se licenciar em Medicina, na Universidade de Coimbra.
Médico de profissão, dedicou-se intensamente à atividade literário tornando-se num dos
grandes escritores do séc. XX português, tanto na prosa como na poesia.
Largamente premiado pela sua obra literário recebeu também o Prémio Camões,
o mais importante na língua portuguesa.