sexta-feira, 28 de julho de 2023

 A NOVA  ARCÁDIA

JOSÉ DANIEL RODRIGUES DA COSTA







Conselhos às senhoras solteiras

Solteirinhas, solteirinhas
Quero-vos conselhos dar
Não desprezeis lições minhas
A que quiser acertar
Bote as suas linhas.
Tristes daquelas que choram
Sem algum remédio ter
Mal aconselhadas foram
Casarão sem escolher
Já de estado não melhoram

Devereis pôr na lembrança
A pintura que vos faço
Tende nela confiança.
Que eu vos vou mostrar o laço
Que qualquer taful vos lança
Não vos segue o tafulão
De figura muito airoso
Montado em branco rabão
De chapelinho lustroso
E chicotinho na mão.

José Daniel Rodrigues da Costa





        José Daniel Rodrigues da Costa nasceu em Leiria, em 31 de outubro de 1757 e faleceu em 
Lisboa, em 7 de outubro de 1832.
        Enquanto membro da Nova Arcádia usou o pseudónimo de Josino Leiriense.
       Nas tertúlias que frequentou chegou a ombrear com Bocage.
       A Literatura Portuguesa deve-lhe uma obra vasta e variada, da qual se destaca O Balão aos 
Habitantes da Lua.

sexta-feira, 21 de julho de 2023

 POETAS DE PARABÉNS

A. D. DA CRUZ E SILVA








 VEM, OH NOITE SOMBRIA

Vem, oh noite sombria, e revolvendo
O longo açoite, que à carreira acende
As fuscas Éguas, sobre a terra estende
De sombras carregado o manto horrendo:

Vem: e as brancas papoilas espremendo,
Em letárgico sono os mortais prende;
Que a minha bela Aglaia hoje me atende,
A meu amor mil glórias prometendo.

Se às minhas vozes dás benigno ouvido,
Encobrindo com teu escuro manto
Os suaves delírios de amor cego;

Imolar-te prometo agradecido
Um negro galo, que em contínuo canto
Se atreve a perturbar o teu sossego.

Cruz e Silva







        António Dinis da Cruz e Silva, de seu nome completo, viu a luz do dia em 4 de julho de 1731,
 em Lisboa e faleceu no Rio de Janeiro, em 5 de outubro de 1799.
        Notabilizou-se como poeta, sendo um dos fundadores da Arcádia Lusitana, também chamada 
Academia Olissiponense.
        Desempenhou vários cargos na magistratura, razão pela qual esteve emigrado no Brasil.
       Dentre as obras publicadas destaca-se O Hissope, a sua obra-prima.

sexta-feira, 14 de julho de 2023

 POEMAS POR TEMAS

VERÃO




Tema: Verão

Eu e Ela

Cobertos de folhagem, na verdura,
O teu braço ao redor do meu pescoço,
O teu fato sem ter um só destroço,
O meu braço apertando-te a cintura;

Num mimoso jardim, ó pomba mansa,
Sobre um banco de mármore assentados.
Na sombra dos arbustos, que abraçados,
Beijarão meigamente a tua trança.

Nós havemos de estar ambos unidos,
Sem gozos sensuais, sem más idéias,
Esquecendo para sempre as nossas ceias,
E a loucura dos vinhos atrevidos.

Nós teremos então sobre os joelhos
Um livro que nos diga muitas cousas
Dos mistérios que estão para além das lousas,
Onde havemos de entrar antes de velhos.

Outras vezes buscando distração,
Leremos bons romances galhofeiros,
Gozaremos assim dias inteiro,
Formando unicamente um coração.

Beatos ou apagãos, via à paxá,
Nós leremos, aceita este meu voto,
O Flos-Sanctorum místico e devoto
E o laxo Cavaleiro de Faublas…

Cesário Verde





        Cesário Verde nasceu em Lisboa, em 25 de fevereiro de 1855 e faleceu na mesma cidade 
em 19 de julho de 1886. Partiu precocemente, aos 31 anos de idade, ceifado pela tuberculose 
pulmonar, que o atacou.
        Trata-se de um poeta de rara sensibilidade com um estilo poético muito peculiar e 
inovador.
        A sua obra retrata, atentamente, o quotidiano, numa constante dicotomia entre a cidade e o 
campo.

terça-feira, 4 de julho de 2023

 ADIVINHA QUEM VEIO PARA NIDIFICAR










                        Um pisco de ruivo peito
                      Teceu com muito lavor
                      Um ninho feito a preceito,
                      Em cima dum contador.









                         Fez, então, uma postura,
                      Que continha cinco ovos
                      Partindo para a aventura
                      De criar os ovos novos.







                        Nasceram como é costume
                      Com os olhos bem cerrados,
                      Todo o corpo está implume
                      A precisar de cuidados.








                        Com todo o amor e carinho
                      E desvelados cuidados,
                      No aconchego do ninho
                      Lá foram sendo criados.








                        Foram perdendo a penugem
                      Para dar lugar às penas,
                      Crescem perdendo a lanugem
                      No passar de horas amenas.






                        Com todo o corpo coberto
                      Esperam o alimento,
                      Sentem a vida mais perto,
                      Vão ganhando novo alento.







                        Torna-se o ninho pequeno,
                      Já não podem esperar,
                      Com um tempo tão ameno
                      Chega a hora de voar.







                                                

                            Sulcam todo o firmamento
                          A voar com emoção,
                          Ouve-se a todo o momento
                          O seu canto no verão.







                        Os seus musicais trinados
                      Alegram bosques e montes,
                      Refrescam veigas e prados
                      Tal como a água das fontes.




Escrito e realizado por Juvenal Nunes




sábado, 1 de julho de 2023

 Em jeito de balanço na

2ª HOMENAGEM AOS SANTOS POPULARES




        Festejaram-se os santos mais populares, cumpriu-se a tradição, apelou-se à criatividade e imaginação de todos quantos quiseram dar o seu contributo.
        Agradeço a todos os participantes todo o empenho e boa vontade demonstrados para fazerem da iniciativa uma homenagem enriquecedora.
        Os que quiserem poderão adicionar, no seu blog, a marca evocativa da homenagem.
        Muito obrigado a todos e bem hajam.

        Juvenal Nunes