domingo, 23 de março de 2025

 

Semana Comemorativa do Dia Mundial da Poesia






Amor e Poesia

A hora da poesia
Passa a qualquer momento,
Mas festeja o seu dia
Do vernal no advento.

Já reverdecem as franças,
Renova-se a natureza,
Desfazem-se as tuas tranças
Cobrindo tua beleza.

Primavera e poesia
Convivem no mesmo elo,
Mantendo a sintonia
Com o amor no mesmo anelo.

E assim no mesmo passo,
Numa aura de magia,
Eu amo no teu abraço
A hora da poesia.

Juvenal Nunes




domingo, 16 de março de 2025

 POEMAS POR TEMAS

JOÃO XAVIER DE MATOS



Tema : Alegria

Que assim Sai a Manhã

Que assim sai a manhã, serena e bela!
Como vem no horizonte o sol raiando!
Já se vão os outeiros divisando,
já no céu se não vê nenhuma estrela.

Como se ouve na rústica janela
do pátrio ninho o rouxinol cantando!
Já lá vai para o monte o gado andando,
já começa o barqueiro a içar a vela.

A pastora acolá, por ver o amante,
com o cântaro vai à fonte fria;
cá vem saindo alegre o caminhante;

Só eu não vejo o rosto da alegria:
que enquanto de outro sol morar distante,
não há-de para mim nascer o dia.

João Xavier de Matos








        João Xavier de Matos é o nome de um poeta português que nasceu em Lisboa, por volta 
da 3ª década do séc. XVIII e faleceu em Vila de Frades, em 3 de novembro de 1789.
        Com o pseudónimo de Albano Eritreu fez parte da Arcádia Portuense.
        Ao estilo de Camões evidenciou-se na poesia bucólica e foi sonetista.

sexta-feira, 7 de março de 2025



 O PARNASIANISMO

CESÁRIO VERDE





Eu e Ela

Cobertos de folhagem, na verdura,
O teu braço ao redor do meu pescoço,
O teu fato sem ter um só destroço,
O meu braço apertando-te a cintura;

Num mimoso jardim, ó pomba mansa,
Sobre um banco de mármore assentados.
Na sombra dos arbustos, que abraçados,
Beijarão meigamente a tua trança.

Nós havemos de estar ambos unidos,
Sem gozos sensuais, sem más idéias,
Esquecendo para sempre as nossas ceias,
E a loucura dos vinhos atrevidos.

Nós teremos então sobre os joelhos
Um livro que nos diga muitas cousas
Dos mistérios que estão para além das lousas,
Onde havemos de entrar antes de velhos.

Outras vezes buscando distração,
Leremos bons romances galhofeiros,
Gozaremos assim dias inteiro,
Formando unicamente um coração.

Beatos ou pagãos, vida à paxá,
Nós leremos, aceita este meu voto,
O Flos-Sanctorum místico e devoto
E o laxo Cavaleiro de Faublas...

Cesário Verde






        Cesário Verde nasceu em Lisboa, em 25 de fevereiro de 1855 e faleceu na mesma cidade 
em 19 de julho de 1886. Partiu precocemente, aos 31 anos de idade, ceifado pela tuberculose 
pulmonar, que o atacou.
        Trata-se de um poeta de rara sensibilidade com um estilo poético muito peculiar e 
inovador.
        A sua obra retrata, atentamente, o quotidiano, numa constante dicotomia entre a cidade e o 
campo.