sábado, 25 de janeiro de 2025

 O PARNASIANISMO

ANTÓNIO FEIJÓ







O Amor e o Tempo

Pela montanha alcantilada
Todos quatro em alegre companhia,
O Amor, o Tempo, a minha Amada
E eu subíamos um dia.

Da minha Amada no gentil semblante
Já se viam indícios de cansaço;
O Amor passava-nos adiante
E o Tempo acelerava o passo.

— «Amor! Amor! mais devagar!
Não corras tanto assim, que tão ligeira
Não pode com certeza caminhar
A minha doce companheira!»

Súbito, o Amor e o Tempo, combinados,
Abrem as asas trémulas ao vento...
— «Porque voais assim tão apressados?
Onde vos dirigis?» — Nesse momento,

Volta-se o Amor e diz com azedume:
— «Tende paciência, amigos meus!
Eu sempre tive este costume
De fugir com o Tempo... Adeus! Adeus!

António Feijó





        António de Castro Feijó nasceu em Ponte de Lima a 1 de junho de 1859 e faleceu 
em Estocolmo a 20 de junho de 1917. A sua obra assume um papel marcante no Parnasianismo.
        É licenciado em Direito e foi diretor, em parceria, da Revista Científica e Literária.
        Além de poeta, exerceu diversos cargos na carreira diplomática.

sábado, 18 de janeiro de 2025

 POETAS DE PARABÉNS

AFONSO DUARTE







Cabelos Brancos

Cobrem-me as fontes já cabelos brancos,
Não vou a festas. E não vou, não vou.
Vou para a aldeia, com os meus tamancos,
Cuidar das hortas. E não vou, não vou.

Cabelos brancos, vá, sejamos francos,
Minha inocência quando os encontrou
Era um mistério vê-los: Tive espantos
Quando os achei, menino, em meu avô.

Nem caiu neve, nem vieram gelos:
Com a estranheza ingénua da mudança,
Castanhos remirava os meus cabelos;

E, atento à cor, sem ter outra lembrança,
Ruços cabelos me doía vê-los ...
E fiquei sempre triste de criança.

Afonso Duarte





        De seu nome completo Joaquim Afonso Fernandes Duarte nasceu em Ereira a 1 de janeiro 
de 1884 e faleceu em Coimbra em 5 de março de 1958.
        Singrou na poesia e colaborou nas revistas Águia e Rajada.
        A biblioteca de Montemor-o-Velho ostenta o seu nome.

sábado, 11 de janeiro de 2025

 HOMENAGEM A ADÍLIA LOPES

        Ainda o amo 2024 não tinha terminado e a poesia portuguesa já estava mais pobre.
        De facto, em 30 de dezembro próximo passado morreu Adília Lopes, em Lisboa.






SE TU AMAS

Se tu amas por causa da beleza, então não me ames!
Ama o Sol que tem cabelos doirados!

Se tu amas por causa da juventude, então não me ames!
Ama a Primavera que fica nova todos os anos!

Se tu amas por causa dos tesouros, então não me ames!
Ama a Mulher do Mar: ela tem muitas pérolas claras!

Se tu amas por causa da inteligência, então não me ames!
Ama Isaac Newton: ele escreveu os Princípios Matemáticos da Filosofia Natural!

Mas se tu amas por causa do amor, então sim, ama-me!
Ama-me sempre: amo-te para sempre!

Adília Lopes





      Para aceder a informação biográfica acerca da autora carregue em Adília Lopes.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

 NOVA ESPERANÇA

FELIZ ANO NOVO 2025







Nova Esperança

Um novo ano começa,
No prazo de validade,
Para cumprir a promessa
De nova oportunidade.

O ser humano reitera,
Até aos confins da terra,
Por aquilo que espera,
Ver chegar o fim da guerra.

Cada ano quer mudança, 
Tenta sempre ser capaz
De viver na esperança
De poder viver em paz.

O tempo é renovado
Ao chegar o novo ano.
Importa ser solidário
Pelo bem que é desejado
Sem correr nenhum engano;
Todos num labor diário,
Em perfeita sintonia,
Verão o seu ideário,
Num esforço pertinaz,
Alcançar a santa paz
Na mais perfeita harmonia.

Juvenal Nunes