OS REIS MAGOS
OS REIS MAGOS
A quadra de Natal encerra as festividades natalícias com a Epifania.
Trata-se de uma comemoração, consagrada pela Igreja Católica, que celebra a
chegada dos reis magos ao estábulo de Belém, no dia 6 de janeiro.
A Bíblia refere a adoração dos reis pelo testemunho de São Mateus, no
capítulo 2.9-12 do seu evangelho. São Mateus é, aliás, o único que se lhes
refere sem contudo lhes atribuir nome. Do que escreve se depreende que foi a
tradição popular que os considerou reis. Não há certezas a esse respeito
julgando-se mais acertado considera-los sábios, astrónomos ou astrólogos, mas
que, face às oferendas feitas, eram pessoas abastadas e de posses.
Ao seguirem a estrela diz o evangelista referido que foi pelo efeito de
uma revelação interior que descobriram a relação entre o astro e o Messias.
Deve-se também à tradição o saber-se que eram três, em função das
dádivas efetuadas, sendo os seus nomes referidos nos Evangelhos Apócrifos da
Infância de Jesus. Chegaram a Belém montados em camelos e depararam com o
Deus-Menino nascido em humilde manjedoura, rodeado pelos seus pais, na
companhia de um burro de sage postura e de uma paciente vaca meditativa. Em
função da sua aparição, assim expresso o meu canto poético:
Os magos do Oriente
Abrem ao Rei seu tesouro,
Cada qual com o seu presente
De mirra, incenso e ouro,
Pois um caminho de Luz
À manjedoura os conduz.
Adiantou-se Gaspar com a sua oferenda de incenso, cuja utilização nos
templos simbolizava a espiritualidade. Seguidamente Belchior ofereceu mirra,
dádiva de grande valor na época, porque era usada em embalsamentos e
representava a imortalidade. Finalmente Baltasar ofereceu ouro, presente
próprio da dignidade devida a um rei.
Diz-nos São Mateus que os magos haviam indagado, junto de Herodes, em
Jerusalém, pelo rei dos judeus, que acabara de nascer. Aturdido, Herodes
convocou os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo que o esclareceram
acerca do assunto, baseados no escrito do profeta. Herodes, então, informou os
magos de que deviam continuar viagem até Belém. Apenas lhes solicitou que o
fizessem sabedor, assim que o encontrassem, para que também pudesse acorrer a
adorá-lo. Os magos, avisados em sonhos para não tornarem a Herodes, regressaram
às suas terras por outro caminho.
A festividade natalícia dos reis está na origem de algumas tradições
que as pessoas foram cumprindo ao longo dos tempos.
Há em Portugal o costume de se cantarem as Janeiras e os Reis, usança
que há décadas atrás também pude vivenciar. As diferentes designações não são
aleatórias e devem explicar- se.
As Janeiras começam a um de janeiro e vão até ao dia 6 (dia de Reis).
Saúdam a entrada do novo ano e os cantadores, designados janeireiros, recebem
dádivas em géneros.
Os Reis são cantados entre o dia 5 e o dia 20 de janeiro. Comunicam o
nascimento de Jesus, regalando-se os cantadores, designados reiseiros, com
produtos do fumeiro, frutos secos, bebidas e doces. Ambas as situações podiam
ser, também, contempladas com óbolos de natureza pecuniária.
Há zonas do país em que grupos organizados de pessoas vão cantando, de
porta em porta, fazendo-se acompanhar de instrumentos musicais populares. Para
além da alegria proporcionada por essa função confraternizam, entre si, com os
produtos obtidos.
O escritor Aquilino Ribeiro, nos seus escritos, refere algumas quadras
populares, cantadas em função desta popular tradição. Num dos seus livros, que
justifica como o «… despetalar outonal de saudades,…», aborda o assunto desta
tradição da seguinte forma: «Na alba do Ano Novo, ainda as árvores de caroço
pela folha e os carvalhos pelos cerros pareciam rocas, grandes rocas carregadas
de lã ruça, romperam os ranchos a pedir as janeiras.» -- …… -- «Estava um frio de rachar, dos beirais
pendiam candeias de caramelo, e os rapazes, de pata ao léu, batiam o dente e
sopravam às mãos encalidas.»
O retrato, revelado por estes excertos, transmite-nos o aticismo
próprio do autor, verdadeiro mestre de língua.
Nos tempos que correm os rapazes já não andam de pata ao léu, embora o
frio da época possa levar à reação de soprar às mãos entanguidas.
São outras as dificuldades que agora atravessamos mas a evocação da
aparição dos reis magos, com o seu manancial de riquezas, faz-nos sonhar,
perante o aumento do custo de vida, que sempre se agudiza no início de cada
ano.
Juvenal Nunes
Muito bom! FELIZ DIA DE REIS!:)
ResponderEliminar-
Vagueando nas asas do vento
Beijo e uma excelente semana!
Olá, Juvenal!
ResponderEliminarUm video que não conhecia e lindíssimo, por sinal.
O texto não fica atrás, naturalmente, mas devo lhe confessar que creio em revelações internas, Sopros do Espírito e acontece no cotidiano até hoje em circunstâncias especiais.
Tenha dias abençoados!
Abraços fraternos de paz e bem
Grato pela visita e apreço revelados.
ResponderEliminarFelicidades e abraço fraterno.
Juvenal Nunes
Gostei do texto e do vídeo tão espiritual.
ResponderEliminarUm beijo.
Obrigado, querida Graça. O seu apreço deixa-me sempre lisonjeado.
ResponderEliminarEspero que tenha um novo ano com tudo de bom.
Juvenal Nunes
Gostei de ler este belo texto e também da musica.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim-de-semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Agradeço a visita, retribuindo o abraço e os votos de bom fim de semana.
ResponderEliminarJuvenal Nunes