sábado, 24 de maio de 2025

 ESPLENDOR DE MAIO







Esplendor de Maio

Maio no seu esplendor,
Da natureza mais viva,
Tudo perfuma em redor
Em fragância que cativa.

No nascer da manhã clara
Espreguiça-se a aurora,
O sol inunda a seara
É tempo da sua hora.

Repousa o rouxinol
Pelo dealbar do dia,
Ao brilhar de novo o sol
Canta alegre a cotovia.

Sempre que a passeio saio
Pelas veredas dos montes
Ouço a cantar o gaio,
Murmurar a água das fontes..

Da urze a cor purpurina,
Nos trilhos da natureza,
É cenário que domina
No seu manto de beleza.

Maio no seu esplendor
É paleta de mil cores,
Que brilha com mais fulgor
No vasto mundo das flores.

Juvenal Nunes




sábado, 17 de maio de 2025

 POEMAS POR TEMAS

NATUREZA





Como um vento na floresta

Como um vento na floresta,
Minha emoção não tem fim.
Nada sou, nada me resta.
Não sei quem sou para mim.

E como entre os arvoredos
Há grandes sons de folhagem,
Também agito segredos
No fundo da minha imagem.

E o grande ruído do vento
Que as folhas cobrem de som
Despe-me do pensamento:
Sou ninguém, temo ser bom.

Fernando Pessoa




       

Em 13 de junho de 1888, nasceu em Lisboa o poeta Fernando Pessoa, tendo vindo a falecer na mesma cidade em 30 de novembro de 1935. Manifestou diversas personalidades literárias expressas nos diferentes heterónimos. É figura central do Modernismo português. Foi também um homem multifacetado tendo sido tradutor, publicitário,astrólogo, filósofo, dramaturgo, ensaísta e crítico literário. A verdadeira dimensão da sua obra só foi conhecida postumamente.


sábado, 10 de maio de 2025

 O SIMBOLISMO


        Na esteira da evolução da história da poesia ao Parnasianismo seguiu-se o Simbolismo.
        Este movimento literário vai perdurar até 1915, aproximadamnete. Apresenta claras manifestações metafísicas e espirituais.
        A publicação da obra Oaristos de Eugénio de Castro foi uma evidência clara da nova corrente.

EUGÉNIO DE CASTRO





Clepsidra

 

Murmúrio de água na clepsidra gotejante,
Lentas gotas de som no relógio da torre,
Fio de areia na ampulheta vigilante,
Leve sombra azulando a pedra do quadrante,
Assim se escoa a hora, assim se vive e morre…

 

Homem, que fazes tu? Para quê tanta lida,
Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça?
Procuremos somente a Beleza, que a vida
É um punhado infantil de areia ressequida,
Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa… 

Eugénio de Castro






     

        Eugénio de Castro e Almeida, de seu nome completo, viu a luz do dia em Coimbra, a 4 de março de1869 e faleceu na mesma cidade, em 17 de agosto de 1944.
        Foi o expoente máximo do Simbolismo em Portugal. Colaborou em diversas revistas e publicações
literárias periódicas. Numa segunda fase da sua carreira artística evoluiu para uma fase neoclássica.
       Recebeu várias homenagens tendo sido agraciado com o grau de Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant´iago da Espada.

sábado, 3 de maio de 2025

 POETAS DE PARABÉNS

LUÍS VEIGA LEITÃO




Dois Epigramas

O sábio das coisas simples
olhou em torno e disse:
não há profundidade
sem superfície

É preciso dizer bom dia
quando o dia anoitece
ser exacto todo o dia
envelhece

Luís Veiga Leitão





        Luís Veiga Leitão é o pseudónimo literário de um poeta português nascido em Moimenta da 
Beira, a 27 de maio de 1912 e falecido em Niterói, Brasil, em 9 de outubro de 1987.
        Foi militante anti-fascista, o que o levou a exilar-se. Como artista plástico dedicou-se ao desenho.