POETAS DE PARABÉNS
EUGÉNIO DE CASTRO
A Laís
À ciprina Laís, de quem sou tributário.
A Laís que possui compridas tranças pretas,
P'lo meu escravo mandei, no seu aniversário,
Um cacho moscatel num cabaz de violetas.
Os amantes, que dão às suas namoradas
Fulgurantes anéis de riqueza estupenda,
Luminosos rocais e redes consteladas,
Hão-de sorrir, bem sei da minha humilde of'renda.
Pensei em dar-lhe, é certo, um precioso colar
E um anel com mais luz do que o incêndio de Tróia,
Mas reconsiderei de pronto, ao atentar
Que ainda ninguém viu dar jóias a uma jóia...
A Laís que possui compridas tranças pretas,
P'lo meu escravo mandei, no seu aniversário,
Um cacho moscatel num cabaz de violetas.
Os amantes, que dão às suas namoradas
Fulgurantes anéis de riqueza estupenda,
Luminosos rocais e redes consteladas,
Hão-de sorrir, bem sei da minha humilde of'renda.
Pensei em dar-lhe, é certo, um precioso colar
E um anel com mais luz do que o incêndio de Tróia,
Mas reconsiderei de pronto, ao atentar
Que ainda ninguém viu dar jóias a uma jóia...
Eugénio de Castro nasceu em Coimbra, em 4 de março de 1869, tendo falecido
em Lisboa, em 17 de agosto de 1944.
É um expoente da Escola Simbolista onde inovou com novas rimas raras,
aliterações e sinestesias, além de um vocabulário rico e musical.
Tocado pelo saudosismo acabou por enveredar pelo neoclassicismo.