OS SARAUS MEDIEVAIS
A poesia trovadoresca, de que tenho vindo a falar, designava-se também palaciana porque era cantada na corte do rei, bem como nos solares dos nobres mais importantes.
Acontecia nos saraus ,que eram eventos de distração das classes mais privilegiadas, o clero e a nobreza. Como foi explicado, havia nessas cortes alguns jograis residentes a quem era garantido emprego e alimentação gratuita. Às bailarinas, conhecidas por soldadeiras, não era permitida a permanência por tempo superior a três dias.
Da autoria de Américo Cortez Pinto, transcrevo a descrição adaptada de um sarau medieval:
"Dinis e Isabel, sobre o estrado coberto de colorido tapete mourisco e alteado cerca de palmo e meio sobre o pavimento, presidiam ao sarau, sentados em solenes cadeiras de espaldar (...) tendo ao lado o príncipe sisudo e curioso e a infanta de Castela, sua noiva. Talhado pelo alfaiate real, esplendia o manto de el-rei de escarlate vermelha de Inglaterra, debruado a ouro e prata de gola emplumada de penas de aves e forrado a pele de arminho.
A figura da rainha impunha-se pela sua majestade. A cabeça resplandecia com os seus cabelos loiros envolvidos em doirada coifa de rede sobre a qual assentava a coroa (...) cravejada de esmeraldas. O manto de escarlate amarela, cor reservada às damas de alta linhagem, preso sobre o ombro com um rico medalhão punha a descoberto a veste de brocado branco bordada a ouro (...).
Os serviçais de copa ofereciam água às mãos que lançavam de jarros com água de rosas sobre bacias de prata.
Nas compridas mesas, (...) grandes escudelas (tigelas) e talhadores (travessas) abarrotavam de vitualhas: capões, pavões, perdizes, carneiros, cabritos, javalis cortados em largos nacos (...), empadas recheadas de variada caça... e entre outras iguarias belas talhadas de baleia de Atouguia (...). Para sobremesa, variadas frutas frescas e secas, queijos, tigeladas, marmeladas e demais doçarias de mel e até algumas feitas com açúcar de Alexandria (...) que no tempo custava 50 vezes mais que o mel. Bojudos vasos transbordavam de vinho e hidromel.
Os jograis enchiam a sala. Alguns havia que traziam consigo soldadeiras mouriscas e bailadeiras que dançavam de braços erguidos acompanhando a música com passos de bailado, requebros de corpo e serpentear de braços.
A seguir vinham os bobos fazendo magias, palhaçadas acrobáticas e bobices...
Porém, a parte mais nobre do sarau era aquela em que se cantavam e diziam as canções dos trovadores ao som dos instrumentos de corda tangidos com o arco, dedilhados à mão ou elegantemente vibrados com longas penas de aves."
De uma imensa riqueza descritiva, senti-me de imediato transportada para o evento em questão!
ResponderEliminarMais uma publicação, bem interessante, que nos permite viajar no tempo... e na História...
Adorei ler! Um grande abraço! Votos de um excelente domingo, e continuação de um óptimo mês de Setembro!
Ana
A sua visita e comentário são elementos enriquecedores da publicação.
EliminarSeja sempre bem-vinda.
Saudações poéticas
Olá Juvenal!
ResponderEliminarTempos incríveis!
Onde a beleza, o romantismo reinavam.
Lindo texto!
Abraços.
Tem razão, tempos que também espicaçam a nossa imaginação e nos convidam a melhor os conhecermos.
EliminarAbraço poético.
Juvenal Nunes
Grato pelo seu apreço.
ResponderEliminarAbraço.
Juvenal Nunes
Sempre associei o sarau ao último parágrafo de sua postagem. É certo que o abordou em outro contexto, em época que longe está. Gostei muito.
ResponderEliminarA parte inicial do texto enquadra o evento na corte real de D.Dinis.
EliminarObrigado pela sua visita e comentário.
Saudações poéticas.
Juvenal Nunes
Excelente texto!! :))
ResponderEliminar*
Existe um sol, que me seduz ...
*
Beijos, e um excelente Domingo.
Grato pela apreciação, volte sempre.
EliminarAbraço poético.
Juvenal Nunes
Uno aprende con sus entradas, amigo Juvenal. Sólo queda agradecer...
ResponderEliminarAbrazo.
Foi um gosto receber a sua visita e comentário de apreço.
EliminarAbraço poético.
Juvenal Nunes
É como se estivesse lá nesse sarau medieval, tal foi a forma magnífica como foi narrado. Gosto muito da poesia medieval.
ResponderEliminarUma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
É sempre bom receber a sua visita e a simpatia das suas palavras de apreço.
EliminarSaudações poéticas.
Juvenal Nunes
Muito interessante a descrição.
ResponderEliminarBoa semana e um abraço
Grato pela sua visita e comentário.
EliminarSaudações poéticas.
Juvenal Nunes
Olá Juvenal querido
ResponderEliminarÉ muito bonito ver como você gosta do que escreve e o faz lindamente.
Beijos
Ani
A simpatia dos seu comentário deixa-me lisonjeado.
EliminarObrigado pela sua visita e volte sempre.
Um terno e caloroso abraço.
Juvenal Nunes
Era a Festa Académica hé hé hé
ResponderEliminare os Pinbas da Época na sua alegria
neste bom dia
que deixo '_))
Boa semana Juvenal
Muito bom! Gostei muito da narração do sarau. Grata por no-lo trazer.
ResponderEliminarBeijinhos.
Agradeço a aprovação e a simpatia das palavras.
EliminarVolte sempre.
Abraço poético.
Juvenal Nunes
Belo texto e você meu nobre com profundo conhecimento trás uma narrativa de acontecimentos que estão nos anais da poesia, de tempos incríveis. Tomara eu quando crescer possa adquirir todo esse conhecimento e ser um bardo dos versos, onde possa colocar um pouco de paz no coração de cada leitor. O felicito meu irmão, desejando-lhe sucessos, saúde e paz! Abraço virtual!
ResponderEliminarA época medieval tem o dom de acicatar um pouco a imaginação de cada um.
ResponderEliminarAgradeço as suas palavras de apreço e retribuo os votos que formula.
Saudações poéticas.
Juvenal Nunes
I like medieval stories, very interesting post :-)
ResponderEliminarSatisfeito pelo agrado, agradeço e espero que volte sempre.
EliminarAbraço.
Juvenal Nunes
excelente e colorida descrição.
ResponderEliminarsarau medieval de um tempo de "vacas gordas" ...
de facto, o Reinado de D. Diniz foi notável...
abraço
Foi um gosto receber a sua visita e simpatia das suas palavras.
EliminarSaudações poéticas.
Juvenal Nunes
Juvenal,
ResponderEliminarMaravilhosa publicação.
Grata por nos proporcionar
mais esse conhecimento.
Bjins
CatiahoAlc.
Estou satisfeito por ter proporcionado o gosto que expressa no comentário.
EliminarSeja sempre bem-vinda.
Abraço poético.
Juvenal Nunes
Olá, amigo Juvenal!
ResponderEliminarO último sarau que participei já dista de dois anos.
Realmente é inesquecível.
Temos no RJ o Museu Imperial que fazem uma réplica dos antigos saraus.
Momento ímpar a vivenciar.
Tenha dias abençoados!
Abraços fraternos
*que faz...
EliminarDesculpe-me.
Olá, amiga Rosélia.
ResponderEliminarAs feiras medievais, em Portugal, também costumam proporcionar viagens ao passado, recriando os hábitos, costumes e tradições de outrora. Essas recriações são importantes eventos culturais e no Brasil, tanto como em Portugal, merecem ser acarinhadas pela importância de que se revestem.
Fraterno abraço de amizade.
Juvenal Nunes
Un articolo intenso, e interessante, che ho molto apprezzato.
ResponderEliminarSaluti,silvia
Obrigado pela sua visita e elogiosas palavras.
EliminarSeja sempre bem-vinda.
Saudações poéticas.
Juvenal Nunes
Caro Juvenal
ResponderEliminarSaraus realizados com pompa e circunstância,
dignos do Rei-trovador e, entre muitas outras
qualidades, promotor da Língua Portuguesa.
E a Rainha, com o seu espírito caridoso,
não se esquece dos pobres:
"São rosas, meu senhor..."
Gostei muito deste relato. Grata por no-lo
trazer.
Abraço
Olinda
Foi um gosto receber a sua visita e ler as palavras simpáticas do seu comentário.
EliminarSentido abraço de amizade.
Juvenal Nunes
Boa ideia,
ResponderEliminaressa,
de nos dizer o que é pouco conhecido,
sobre esses saraus.
Um abraço!
Grato pela sua visita e comentário de apreço.
EliminarAbraço.
Juvenal Nunes
Ah, esse rei Dom Dinis
ResponderEliminarE essa rainha Izabel!...
Ela criou o papel
Do imperador, tão feliz,
Coroando a imperatriz
Do Divino Espírito Santo
Em festa de muito encanto...
E ele, o Rei trovador,
Fez-me ser seu seguidor
Nos versos que escrevo tanto.
Parabéns pela postagem! Abraço cordial. Laerte.
O seu comentário releva o Rei-Poeta e a rainha, amante da Paz e esmoler protetora dos pobres, no seu estilo de poeta repentista.
ResponderEliminarÉ sempre uma honra receber a sua visita.
Saudações poéticas.
Juvenal Nunes
Olá, Juvenal, sempre bom saber desses relatos, a história nos ensina, mostra comportamentos.
ResponderEliminarÉ tanta ostentação, desde sempre. Hoje os sarais mais produtivos e acessíveis ficam nas periferias, é cultura para todos, na medida do possível.
Obrigada pela visita, abraço!
Gostei da sua visita e das palavras que me dirige, que agradeço.
EliminarPenso que devemos esforçarmo-nos por acompanhar tudo quanto nos possa tornar mais esclarecidos e conhecedores.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes