domingo, 17 de abril de 2016

                     

  POETAS DE PARABÉNS...

                                           ANTERO DE QUENTAL




Na Mão de Deus

Na mão de Deus, na sua mão direita, 
Descansou afinal meu coração. 
Do palácio encantado da Ilusão 
Desci a passo e passo a escada estreita. 

Como as flores mortais, com que se enfeita 
A ignorância infantil, despojo vão, 
Depois do Ideal e da Paixão 
A forma transitória e imperfeita. 

Como criança, em lôbrega jornada, 
Que a mãe leva ao colo agasalhada 
E atravessa, sorrindo vagamente, 

Selvas, mares, areias do deserto... 
Dorme o teu sono, coração liberto, 
Dorme na mão de Deus eternamente! 

Antero de Quental, in "Sonetos" 

O dia 18 de abril celebra a data de nascimento de Antero de Quental


1 comentário :

  1. Olá, J.
    Belo soneto a recordar-nos o nosso poeta do século XIX, que teve um fim lamentável.
    Apesar de ter vivido poucos anos, empenhou-se muito em tudo aquilo em que acreditou.
    Este belo soneto é muito triste e tem um tema incontornável- a Morte.
    Nas anáforas, vejo metáforas, pois aqui «Dorme» é o sono da Morte.
    Obrigada por me recordares o nosso escritor e o levares a todos os cantos do Mundo.
    Um beijinho
    Mana

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