POETAS DE PARABÉNS...
ANTERO DE QUENTAL

Na Mão de Deus
Na mão de Deus, na sua mão direita, 
Descansou afinal meu coração. 
Do palácio encantado da Ilusão 
Desci a passo e passo a escada estreita. 
Como as flores mortais, com que se enfeita 
A ignorância infantil, despojo vão, 
Depois do Ideal e da Paixão 
A forma transitória e imperfeita. 
Como criança, em lôbrega jornada, 
Que a mãe leva ao colo agasalhada 
E atravessa, sorrindo vagamente, 
Selvas, mares, areias do deserto... 
Dorme o teu sono, coração liberto, 
Dorme na mão de Deus eternamente! 
Antero de Quental, in "Sonetos" 
 
Olá, J.
ResponderEliminarBelo soneto a recordar-nos o nosso poeta do século XIX, que teve um fim lamentável.
Apesar de ter vivido poucos anos, empenhou-se muito em tudo aquilo em que acreditou.
Este belo soneto é muito triste e tem um tema incontornável- a Morte.
Nas anáforas, vejo metáforas, pois aqui «Dorme» é o sono da Morte.
Obrigada por me recordares o nosso escritor e o levares a todos os cantos do Mundo.
Um beijinho
Mana