POETAS DE PARABÉNS...
CESÁRIO VERDE
Pró Pudor
Todas as noites ela me cingia
Nos braços, com brandura gasalhosa;
Todas as noites eu adormecia,
Sentindo-a desleixada a langorosa.
Todas as noites uma fantasia
Lhe emanava da fronte imaginosa;
Todas as noites tinha uma mania,
Aquela concepção vertiginosa.
Agora, há quase um mês, modernamente,
Ela tinha um furor dos mais soturnos,
Furor original, impertinente...
Todas as noites ela, ah! sordidez!
Descalçava-me as botas, os coturnos,
E fazia-me cócegas nos pés...
Cesário Verde, in 'O Livro de Cesário Verde'
Nos braços, com brandura gasalhosa;
Todas as noites eu adormecia,
Sentindo-a desleixada a langorosa.
Todas as noites uma fantasia
Lhe emanava da fronte imaginosa;
Todas as noites tinha uma mania,
Aquela concepção vertiginosa.
Agora, há quase um mês, modernamente,
Ela tinha um furor dos mais soturnos,
Furor original, impertinente...
Todas as noites ela, ah! sordidez!
Descalçava-me as botas, os coturnos,
E fazia-me cócegas nos pés...
Cesário Verde, in 'O Livro de Cesário Verde'
O dia 25 de fevereiro celebra a data de nascimento de Cesário Verde.
Bom dia, J.
ResponderEliminarEste soneto é simplesmente maravilhoso e com um título que é, de facto,um microtexto. É uma composição autêntica!
O último terceto, para mim, é um pouco parodístico.
Admiro muito o seu rigor sintáctico!
Cesário é um poeta de bons acontecimentos, saborosos, perfumados como em «Aquele piquenique de burguesas», que também muito aprecio.
Obrigada, porque apesar de fã de Cesário, nunca tinha lido este soneto: bem hajas.
Um beijinho
Mana
Muito giro o poema! Tão bom que é ler Cesário Verde...
ResponderEliminarCumprimentos,
Cantinho dos Poemas de Criança.