quarta-feira, 12 de novembro de 2025

 POETAS DE PARABÉNS

MANUEL RUI




Quissange


Serenata  

Caem à noite pedras
sobre o templo
do silêncio
de espaço
um ruído de automóvel

um toque de sinos de uma igreja
monotonia diurna que não quebra
a queda das pedras
no silêncio

De dia o templo é
noite
e à noite há o silêncio

o esgaravatar de uma gaivota em fogo
o estalar de folhas novas
numa árvore
sabendo a vício este cigarro
de cheira a seiva dos pinheiros

E as pedras caem
como chuva ou neve
todas as noites que noites
já são poucas

E a seiva pedra sobre o templo
e a gaivota
o vício
a folha
quebrando este silêncio

Onde as guitarras?
Os quissanges acontecem longe

Manuel Rui 




        De seu nome completo Manuel Rui Alves Monteiro, nasceu no Huambo, a 4 de novembro 
de 1941.
        Estudou na universidade de Coimbra, onde se formou em Direito.
        Após o 25 de abril regressou a Angola onde assumiu diversos cargos académicos e políticos. 
        A letra do hino nacional de Angola é de sua autoria.
        É autor de vasta obra em prosa e em poesia.

        Quissange, de que apresentamos uma imagem, é o nome de um instrumento musical, que 
faz parte do espólio tradicional de Angola.


domingo, 2 de novembro de 2025

 TERTÚLIA DO AMOR 4




Bailinho

Na fina areia da praia,
A dançar com alegria,
A tua saia arredondas;
A leveza da cambraia
Completa a fantasia
Sob o murmúrio das ondas.

Juvenal Nunes





  A convite da amiga Rosélia aqui fica a minha participação ao desafio proposto.

domingo, 26 de outubro de 2025

 POEMAS POR TEMAS

DESTINO




Tema: Destino

A Nau Catrineta

Lá vem a Nau Catrineta,
que tem muito que contar!
Ouvide, agora, senhores,
Uma história de pasmar."

Passava mais de ano e dia,
que iam na volta do mar.
Já não tinham que comer,
nem tão pouco que manjar.

Deitaram sola de molho,
para o outro dia jantar.
Mas a sola era tão rija,
que a não puderam tragar."

"Deitaram sortes à ventura
qual se havia de matar.
Logo a sorte foi cair
no capitão general".

- "Sobe, sobe, marujinho,
àquele mastro real,
vê se vês terras de Espanha,
ou praias de Portugal."

- "Não vejo terras de Espanha,
nem praias de Portugal.
Vejo sete espadas nuas,
que estão para te matar."

- "Acima, acima, gajeiro,
acima ao tope real!
Olha se enxergas Espanha,
Areias de Portugal."

- "Alvíssaras, senhor alvíssaras,
meu capitão general!
Que eu já vejo tuas terras,
e reinos de Portugal.
Também vejo três meninas,
debaixo de um laranjal.
Uma sentada a coser,
outra na roca a fiar,
A mais formosa de todas,
está no meio a chorar."

- "Todas três são minhas filhas,
Oh! quem mas dera abraçar!
A mais formosa de todas
Contigo a hei-de casar"
- "A vossa filha não quero,
Que vos custou a criar.

- "Dou-te o meu cavalo branco,
Que nunca houve outro igual."
- "Guardai o vosso cavalo,
Que vos custou a ensinar."

- "Dar-te-ei tanto dinheiro
Que o não possas contar".
- "Não quero o vosso dinheiro
Pois vos custou a ganhar.-Dar-te-ei a Catrineta
Para nela navegares.”
Não quero a Nau Catrineta,
Que a não sei navegar.”

-“Que queres tu meu gajeiro,
Que alvíssaras te hei-de dar?
-“ Capitão, quero a tua alma,
Para comigo a levar!”

-“ Renego de ti, demónio,
Que me estavas a tentar!
A minha alma é só de Deus,
O corpo dou eu ao mar.”

Tomou-o um anjo nos braços,
Não no deixou afogar.
Deu um estouro o demónio.
Acalmaram vento e mar;

E à noite a Nau Catrineta
Estava em terra a varar.

Almeida Garrett





        Almeida Garrett nasceu no Porto, em 4 de fevereiro de 1799 e faleceu em Lisboa, em 9 de 
dezembro de 1854 .
        Combateu na guerra civil portuguesa de 1828-1834, pelos liberais.
        Foi orador e exerceu cargos políticos. Foi romancista histórico, dramaturgo e poeta. É uma 
figura cimeira da Literatura Portuguesa com grande expressividade no Romantismo.
        A Nau Catrineta faz parte do Romanceiro e Cancioneiro Geral, publicado por Garrett em 1843.

quinta-feira, 23 de outubro de 2025


 Tendo regressado é-me possível agora partihar algumas imagens da minha saída.



Já com os pés assentes na terra.


                                                                             Praia da Vitória



Manta de retalhos: verdejantes pastagens



                                                                     Uma de duas lagoas.
                                                  A água ocupa a cratera dos vulcões extintos.



                                                                               Vacas felizes



Cascata do Poço do Bacalhau



                                                                        Na Fábrica da Baleia.



             Um abraço para todos.

             Juvenal Nunes

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

 PALAVRAS ALADAS


Informo todos os amigos visitantes, leitores e colaboradores que o Palavras Aladas está de volta.

Por razões de ordem técnica não me é possível, de momento, deixar mais do que a canção do vídeo.




Abraço de amizade para todos.

Juvenal Nunes

segunda-feira, 13 de outubro de 2025



 O Palavras Aladas vai entrar num período de pausa.





Volto em breve.

            Juvenal Nunes


segunda-feira, 6 de outubro de 2025

 

TERTÚLIA DO AMOR 3




Leitura a Dois

Lendo um livro em conjunto
Ao ar livre na montanha
Mostra bem a sintonia
Do teu corpo ao meu bem junto,
Numa só alma tamanha
Duma vida em harmonia.

Juvenal Nunes





  A convite da amiga Rosélia aqui fica a minha participação ao desafio proposto.


segunda-feira, 29 de setembro de 2025



O SIMBOLISMO

CRUZ E SOUSA





Alma solitária

Ó Alma doce e triste e palpitante!
que cítaras soluçam solitárias
pelas Regiões longínquas, visionárias
do teu Sonho secreto e fascinante!

Quantas zonas de luz purificante,
quantos silêncios, quantas sombras várias
de esferas imortais, imaginárias,
falam contigo, ó Alma cativante!

que chama acende os teus faróis noturnos
e veste os teus mistérios taciturnos
dos esplendores do arco de aliança?

Por que és assim, melancolicamente,
como um arcanjo infante, adolescente,
esquecido nos vales da Esperança?!

Cruz e Sousa




        João da Cruz e Sousa é um poeta brasileiro nascido em 24 de novembro de 1861 e falecido
em 19 de março de 1898.
        Falecido embora prematuramente, o seu talento poético reconhece-o como o primeiro e
principal expoente do simbolismo no Brasil.

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

 POETAS DE PARABÉNS

NICOLAU TOLENTINO




Cegueira de Amor

Fiei-me nas promessas que afetavas
Nas lágrimas fingidas que vertias,
Nas ternas expressões que me fazias,
Nessas mãos que as minhas apertavas.

Talvez, cruel, que, quando as animavas,
Que eram doutrem na ideia fingirias,
E que os olhos banhados mostrarias
De pranto, que por outrem derramavas.

Mas eu sou tal, ingrata, que, inda vendo
Os meus tristes amores mal seguros,
De amar-te nunca, nunca me arrependo.

Ainda adoro os olhos teus perjuros,
Ainda amo a quem me mata, ainda acendo
Em aras falsas, holocaustos puros.

Nicolau Tolentino









De seu nome completo Nicolau Tolentino de Almeida, nasceu em Lisboa, em 10 de 
setembro de1740 e faleceu, na mesma cidade, em 23 de junho de 1811.
        Foi uma figura de relevo da Nova Arcádia. Bom metrificador e grande sonetista apresenta 
                       um estilo simples e coloquial. É tido como um dos maiores satíricos do século XVIII.

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

 POEMAS POR TEMAS

AS VINDIMAS




Tema: As Vindimas

A vindima de Eros

E de novo este céu desenrola a sua matéria
de outono. Com a precisão do vindimador, agarro
as suas vides e corto os cachos de névoa que
caem sobre a terra. Ponho-os no carro do poema,
e levo-os para a adega abandonada do sonho
para os transformar num vinho de palavras
feitas com as sílabas mais líquidas, as que se
podem beber pela taça da estrofe. E um fumo
da antiga inspiração evola-se da cuba
dos mistérios. As raparigas descalças, com
os seus aventais de sol, sobem para o lagar
e pisam as uvas. O cheiro do sumo sobe
até ao fundo da sua cabeça, e antes que fiquem
tontas começam a contar as memórias perecíveis,
as que nasceram de uma fuga noturna
pelos campos impunes do estio. Espero
que acabem o seu trabalho, e vejo-as sair com
as pernas roxas até aos joelhos, e as saias subidas
até às coxas. Os seus olhos rodam como
as velas de um moinho ébrio de vento; e
abrem os braços à luz, como se desejassem
que ela limpasse os seus corpos da espuma
que os envolve. E canto esses corpos, como
se elas me pedissem que transformasse
o mosto dos seus lábios no vermelho puro
da madrugada. Assim, uma levada de versos
recitados nos rituais da origem inunda
os seus seios e restitui-lhes a brancura inicial,
enquanto me obrigam a beber os líquidos
que os seus pés destilaram. E apenas lhes peço,
quando vestem as suas túnicas de nuvem,
que atravessem de novo as videiras decepadas
e abracem os vindimadores, beijando-os,
para que eles provem o vinho novo dos seus lábios.

Nuno Júdice




        Nuno Júdice é o nome de um poeta português nascido em Portimão, em 29 de abril de 1949 
e falecido em Lisboa, em 17 de março de 2024. Foi também ensaísta, ficcionista e professor universitário.
        Tem uma vasta obra publicada o que lhe valeu a atribuição, em 10 de junho de 1992, do grau 
de Oficial da Ordem Militar de Sant`Iago da Espada.

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

 TERTÚLIA DO AMOR 2




Amor dançante

Ao som de qualquer canção,
No ritmo do coração
Em música que inebria,
O casal em sintonia
Corpo e alma em aliança
Vibra nas voltas da dança.

Juvenal Nunes





        A convite da amiga Rosélia aqui fica a minha participação ao desafio proposto.


sexta-feira, 29 de agosto de 2025

 O SIMBOLISMO

AUGUSTO GIL



             


A MÁSCARA

Por acaso, parou na minha frente,
De loup e dominó de seda negra,
Uma mulher de olhar resplandecente
E mento breve de figura grega.

Tomei-lhe as mãos esguias entre as minhas...

E os seus olhos doirados reluziram
Como os punhais ao sol, quando se tiram,
Aguçados e frios, das bainhas.

— Máscara, quem és tu?

— E tu quem és?...

— Um homem que te viu e te deseja...

E um riso vago, de desdém talvez,
Floriu na sua boca de cereja.

Ergui-lhe as mãos ascéticas. Beijei-as.

Em vibrações entrecortadas, secas,
Tiniam taças irisadas, cheias.
E uma frase de amor, toda em colcheias,
Vibrava nas arcadas das rebecas.

Levei-a para o vão duma janela.
— Máscara, quem és tu?

— Para que insistes?...

Outro riso subiu da boca dela
Aos olhos enigmáticos e tristes.

E descobriu a face. No capuz
Emoldurou-se um rosto lindo e sério.

Que diferente porém do que eu supus!

A gente nunca deve entrar com luz
Nos divinos recantos do mistério...

Augusto Gil






        Augusto Gil nasceu no Porto, Lordelo do Ouro, em 30 de junho de 1870 e faleceu em Lisboa,
em 26 de fevereiro de 1929. Viveu grande parte da sua vida na Guarda, que influenciou muitos
dos seus textos poéticos.
        O seu trabalho literário faz dele um grande influenciador da sua geração.
        A sua maestria poética foi reconhecida com a atribuição do grau de Grande-Oficial da Ordem
Militar de Sant´Iago da Espada, em 14 de fevereiro de 1920.


sexta-feira, 22 de agosto de 2025

 POETAS DE PARABÉNS

ANTÓNIO OSÓRIO





Amar

Amar não deve ser desfortuna.
O cio transfunde
a lagartixa e o homem
na criação tenaz.
E o buxo, o pólen
e as primeiras folhas
da vinha virgem. Amor
não tem quaresma,
nela impetuoso regressa e copula.

António Osório





        António Gabriel Maranca Osório de Castro é o nome completo do poeta António Osório.
Nasceu em Setúbal em 1 de agosto de 1933 e faleceu na mesma cidade, em 18 de novembro
de 2021.  O livro referência da sua obra é Planetário e Zoo dos Homens.

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

 POEMAS POR TEMAS

VERÃO




Tema: Verão

As Amoras

O meu país sabe às amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.

Eugénio de Andrade






          Eugénio de Andrade nasceu no Fundão em em 19 de janeiro de 1923 e faleceu no Porto 
em 13 de junho de 2005.
        Durante vários anos fui seu vizinho e via-o frequentemente na sua rotina diária.
        Veio viver para o Porto por razões profissionais e nessa cidade se fixou e envolveu. No
Jardim de S. Lázaro gostava de apreciar, na época própria, os jacarandás floridos.
        A sua obra valeu-lhe a atribuição de diversos prémios literários entre os quais o Prémio
Camões.

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

 O SIMBOLISMO

CAMILO PESSANHA





Crepuscular

Há no ambiente um murmúrio de queixume,
De desejos de amor, d´ais comprimidos…
Uma ternura esparsa de balidos,
Sente-se esmorecer como um perfume.
As madressilvas murcham nos silvados
E o aroma que exalam pelo espaço,
Têm delíquios de gozo e de cansaço,
Nervosos, femininos, delicados,
Sentem-se espasmos, agonias d´ave,
Inapreensíveis, mínimas, serenas…
--Tenho entre as mãos as tuas mãos pequenas,
O meu olhar no teu olhar suave.
As tuas mãos tão brancas d´anemia…
Os teus olhos tão meigos de tristeza…
-- É este enlanguescer da natureza,
Este vago sofrer do fim do dia.

Camilo Pessanha







        De seu nome completo Camilo de Almeida Pessanha, nasceu em Coimbra aos 7 de setembro 
de 1867 e veio a falecer em Macau, a 1 de março de 1926.
        Camilo Pessanha representa o expoente máximo do simbolismo em língua portuguesa.
        Alcançou a imortalidade com o livro Clepsidra.
        A 8 de março de 1919 viu o seu talento ser reconhecido com a atribuição do grau de Comendador 
da Ordem Militar de Sant´Iago da Espada.


sábado, 2 de agosto de 2025


Tertúlia do Amor




Bailado do Amor

O amor é sempre um bailado
Que o par enamorado
Dança ao sabor da paixão.
Unidos nessa canção,
À luz do sol ou da lua,
Toda a emoção flutua.

Juvenal Nunes





A convite da amiga Rosélia aqui fica a minha participação ao desafio proposto.

quinta-feira, 31 de julho de 2025

 POETAS DE PARABÉNS

JOÃO JOSÉ COCHOFEL





Breve

Breve
o botão que foste
e o pudor de sê-lo

Breve
o laço vermelho
dado no cabelo.

Breve
a flor que abriu
e o sol saudou

Breve
tanto sonho findo
que a vida pisou.

João José Cochofel







João José Cochofel nasceu em Coimbra aos 17 de julho de 1919 e faleceu em Lisboa a 14 de março de 1982.
Integrou o movimento neorrealista português, sendo sempre um ativo colaborador nas revistas literárias da época.
Postumamente foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

domingo, 20 de julho de 2025

 PODER VOAR








Poder Voar

Quando uma ave esvoaça,
Na lonjura do infinito,
Há um rasto em que traça
Uma rota em que me fito.

Seu rumo quero seguir
Para saber o que alcança,
Para poder descobrir
Um caminho de mudança.

O que de cima se avista
É mais vida que se sente,
Mundo passado em revista
Duma forma abrangente.

Quisera poder voar,
Ser das aves confidente,
Nesse calmo volitar
Ter o mundo mais presente.

Ver o mundo em movimento
Permite várias visões,
Que dão a cada momento
Diferentes sensações.

Ter asas, poder voar,
Dominar todo o espaço
É descerrar fino véu;
Levado nesse sonhar,
Unido no mesmo laço,
Quero abraçar terra e céu.

Juvenal Nunes




sábado, 12 de julho de 2025

 POEMAS POR TEMAS

CONTENTAMENTO




Tema: Contentamento



Sorriso Audível das Folhas

Sorriso audível das folhas
Não és mais que a brisa ali
Se eu te olho e tu me olhas,
Quem primeiro é que sorri?
O primeiro a sorrir ri.

Ri e olha de repente
Para fins de não olhar
Para onde nas folhas sente
O som do vento a passar
Tudo é vento e disfarçar.

Mas o olhar, de estar olhando
Onde não olha, voltou
E estamos os dois falando
O que se não conversou
Isto acaba ou começou?

Fernando Pessoa






         Em 13 de junho de 1888, nasceu em Lisboa o poeta Fernando Pessoa tendo falecido, 
na mesma cidade, em 30 de novembro de 1935. 
         Manifestou diversas personalidades literárias expressas nos diferentes heterónimos. 
        É figura central do Modernismo português. Foi também um homem multifacetado tendo 
sido tradutor, publicitário,astrólogo, filósofo, dramaturgo, ensaísta e crítico literário.
        A verdadeira dimensão da sua obra só foi conhecida postumamente.

sexta-feira, 4 de julho de 2025

 O SIMBOLISMO

ANTÓNIO NOBRE





O Teu Retrato

Deus fez a noite com o teu olhar,
Deus fez as ondas com os teus cabelos;
com a tua coragem fez castelos
Que pôs, como defesa, à beira-mar.

Com um sorriso teu, fez o luar
(Que é sorriso de noite, ao viandante)
E eu que andava pelo mundo, errante,
Já não ando perdido em alto mar!

Do céu de Portugal fez a tua alma!
E ao ver-te sempre assim, tão pura e calma,
Da minha noite, eu fiz a claridade!

Ó meu anjo de luz e de esperança,
Será em ti afinal que descansa
O triste fim da minha mocidade!

António Nobre




            António Nobre foi um poeta portuense, que representou as correntes simbolista, 
    ultarromântica e saudosista.
          Em vida, publicou apenas um livro intitulado Só. 
          Faleceu prematuramente, aos 32 anos, ceifado pela tuberculose.