segunda-feira, 23 de junho de 2025

 UMA QUADRA PARA UM SANTO

4ª HOMENAGEM AOS SANTOS POPULARES






No seu posto da cascata
S. João não tem igual
E todo o povo desata
A dançar no arraial.

Fomos bailar para a rua,
Na noite de S. João,
Dei a minha mão à tua
Juntos na mesma emoçaão.

Juvenal Nunes



quinta-feira, 12 de junho de 2025

 4ª HOMENAGEM AOS SANTOS POPULARES

UMA QUADRA PARA UM SANTO


 O mês de junho é um dos meses mais festivos e populares do ano por nele terem lugar as festas dos santos que o caraterizam.
        Nesse sentido, quero convidar todos os amigos, leitores e autores que visitam o Palavras Aladas para participarem na iniciativa de Uma Quadra para um Santo. 
        Basta uma quadra para que a colaboração fique concretizada. Tão simples quanto isso.

        Quem quiser participar deverá:

       -- postar o texto no seu blog, antecedido do distintivo pictográfico apresentado.

       Saudações poéticas.
 
       Juvenal Nunes

Participantes:

Rosélia Bezerra - Viva Santo António!

Nuria Espinosa - Jóia de luz, flor de dor

Dell Cordovil - Quadra para S. Frutuoso



Marli Soares Braga - Viva Santo António!

terça-feira, 3 de junho de 2025

 POETAS DE PARABÉNS

JOÃO LUÍS BARRETO GUIMARÃES







Deceção à Regra

Sentar-me e
ver os outros passar é o
meu exercício favorito. Entretém.
Não esgota.
É gratuito. Neste meu jogo-do-não
são os outros que passam
(é aos outros que reservo a tarefa
de passar). Lavo daí os pés.
Escrevo de dentro da vida.
Pode até parecer que assim não
chego a lugar algum mas também quem
é que quer ir
ao sítio dos outros?

João Luís Barreto Guimarães







        João Luís Barreto Guimarães é natural do Porto, onde nasceu em 3 de junho de 1967.
        Exerce a profissão de médico e, paralelamente, dedica-se à atividade literário como poeta.
        Os seus trabalhos nas letras portuguesas valeram-lhe já diversos prémios.


sábado, 24 de maio de 2025

 ESPLENDOR DE MAIO







Esplendor de Maio

Maio no seu esplendor,
Da natureza mais viva,
Tudo perfuma em redor
Em fragância que cativa.

No nascer da manhã clara
Espreguiça-se a aurora,
O sol inunda a seara
É tempo da sua hora.

Repousa o rouxinol
Pelo dealbar do dia,
Ao brilhar de novo o sol
Canta alegre a cotovia.

Sempre que a passeio saio
Pelas veredas dos montes
Ouço a cantar o gaio,
Murmurar a água das fontes..

Da urze a cor purpurina,
Nos trilhos da natureza,
É cenário que domina
No seu manto de beleza.

Maio no seu esplendor
É paleta de mil cores,
Que brilha com mais fulgor
No vasto mundo das flores.

Juvenal Nunes




sábado, 17 de maio de 2025

 POEMAS POR TEMAS

NATUREZA





Como um vento na floresta

Como um vento na floresta,
Minha emoção não tem fim.
Nada sou, nada me resta.
Não sei quem sou para mim.

E como entre os arvoredos
Há grandes sons de folhagem,
Também agito segredos
No fundo da minha imagem.

E o grande ruído do vento
Que as folhas cobrem de som
Despe-me do pensamento:
Sou ninguém, temo ser bom.

Fernando Pessoa




       

Em 13 de junho de 1888, nasceu em Lisboa o poeta Fernando Pessoa, tendo vindo a falecer na mesma cidade em 30 de novembro de 1935. Manifestou diversas personalidades literárias expressas nos diferentes heterónimos. É figura central do Modernismo português. Foi também um homem multifacetado tendo sido tradutor, publicitário,astrólogo, filósofo, dramaturgo, ensaísta e crítico literário. A verdadeira dimensão da sua obra só foi conhecida postumamente.


sábado, 10 de maio de 2025

 O SIMBOLISMO


        Na esteira da evolução da história da poesia ao Parnasianismo seguiu-se o Simbolismo.
        Este movimento literário vai perdurar até 1915, aproximadamnete. Apresenta claras manifestações metafísicas e espirituais.
        A publicação da obra Oaristos de Eugénio de Castro foi uma evidência clara da nova corrente.

EUGÉNIO DE CASTRO





Clepsidra

 

Murmúrio de água na clepsidra gotejante,
Lentas gotas de som no relógio da torre,
Fio de areia na ampulheta vigilante,
Leve sombra azulando a pedra do quadrante,
Assim se escoa a hora, assim se vive e morre…

 

Homem, que fazes tu? Para quê tanta lida,
Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça?
Procuremos somente a Beleza, que a vida
É um punhado infantil de areia ressequida,
Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa… 

Eugénio de Castro






     

        Eugénio de Castro e Almeida, de seu nome completo, viu a luz do dia em Coimbra, a 4 de março de1869 e faleceu na mesma cidade, em 17 de agosto de 1944.
        Foi o expoente máximo do Simbolismo em Portugal. Colaborou em diversas revistas e publicações
literárias periódicas. Numa segunda fase da sua carreira artística evoluiu para uma fase neoclássica.
       Recebeu várias homenagens tendo sido agraciado com o grau de Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant´iago da Espada.

sábado, 3 de maio de 2025

 POETAS DE PARABÉNS

LUÍS VEIGA LEITÃO




Dois Epigramas

O sábio das coisas simples
olhou em torno e disse:
não há profundidade
sem superfície

É preciso dizer bom dia
quando o dia anoitece
ser exacto todo o dia
envelhece

Luís Veiga Leitão





        Luís Veiga Leitão é o pseudónimo literário de um poeta português nascido em Moimenta da 
Beira, a 27 de maio de 1912 e falecido em Niterói, Brasil, em 9 de outubro de 1987.
        Foi militante anti-fascista, o que o levou a exilar-se. Como artista plástico dedicou-se ao desenho.


quarta-feira, 23 de abril de 2025

 REVOLUÇÃO






Revolução

O mês de abril foi sereno,
Marcha lenta subtil,
O País num só terreno,
Por razões bem mais que mil,
Teve adesão não servil.

Vestidos numa só farda,
Pelas ruas ocupadas
Não há fogo de espingarda;
Todo o povo de mãos dadas,
Pelos cravos perfimadas,
Assume em serenidade
A hora da Liberdade.

MFA e mais o povo,
Numa nova união,
Assumem algo de novo,
Fazem a revolução
Em prol da mesma nação.

Juvenal Nunes





O 25 de abril de 1974 restituiu a Liberdade ao povo português, cujo regime passou a governar
em Democracia.

quarta-feira, 16 de abril de 2025

 POEMAS POR TEMAS

LIBERDADE




Liberdade

A liberdade é uma palavra
que o sonho humano alimenta:
não há ninguém que a não diga
nem quem a não sinta.

É como o sol que nos acorda
e nos beija a cada dia:
não há ninguém que o não veja
nem quem o não queria.

É como o mar que nos embala
e nos leva para longe:
não há ninguém que o não ouça
nem quem não o ponha onde.

A sua sede nos aperta
e a sua angústia mais se alonga:
a liberdade é uma palavra
que a esperança prolonga.

Natália Correia






Natália Correia, de seu nome completo Natália de Oliveira Correia, nasceu na Fajã de
           Baixo, ilha de S. Miguel, nos Açores e faleceu em Lisboa a 16 de março de 1993.
Foi uma inflamada poeta tendo deixado uma obra numerosa e valiosa que lhe valeu a
atribuiçãode vários galardões pelo reconhecimento do seu trabalho poético.
      Chegou a ser deputada no Parlamento Português. Foi, também, uma dinamizadora ativa de
várias tertúlias literárias. 

quarta-feira, 9 de abril de 2025

 O PARNASIANISMO

TEÓFILO BRAGA





A DOBADOIRA


Estava à porta assentada,
dobando a sua meada
A velhinha:
Lenço branco na cabeça
A madeixa lhe sustinha,
E envolve-a a como toalha;
Com que pressa
Sentada à porta trabalha.

O sol doira
Seu cabelo,
Que tem a cor da geada;
Para passar o novelo,
A velhinha
De vez em quando sustinha
A gemente dobadoira;
Em que anda branca meada.

Na dobadoira que gira,
Como a mente que delira,
Nem já toda a atenção pondo;
Nem no novelo redondo
Aumentando
Ao passo que o fio tira,
Todo o seu cuidado emprega!
Pobre e cega,
Ansiada, de quando em quando
Com que tristeza suspira!

Por vezes o movimento
Claro exprime
Tumultuar do pensamento,
Que no imo da alma a oprime
E quase oura!
Muita angústia e paciência
Reflete-a a intermitência
Do andamento
Ao voltear da dobadoira.

Fica-lhe na mão suspensa
O novelo,
Concentrada não o enleia;
Na órfã netinha pensa!...
Vem-lhe à ideia
Por sua morte:
"Só, no mundo! Entregue à sorte!
Pobre neta...
Pesadelo,
Que tanto a velhinha inquieta.

Não ouvindo a dobadoira,
Que gemia intermitente,
Caindo da mão dormente
O novelo...
Com desvelo,
A neta, cabeça loira,
Vem à porta
Ver o que foi; com susto olha:
Uma lágrima inda molha
A face à velhinha morta.

 Teófilo Braga 





        
        Teófilo Braga nasceu em Ponta Delgada no dia 24 de fevereiro de 1843 e faleceu em Lisboa
a 28 de janeiro de 1924.
        Além de poeta, atingiu a notoriedade como político tendo sido o 2º Presidente da República Portuguesa.
        Não sendo uma figura de proa do Parnasianismo o seu trabalho também se encontra associado
a este movimento poético-literário.


quarta-feira, 2 de abril de 2025

 POETAS DE PARABÉNS

MANUEL BANDEIRA




Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

– Eu faço versos como quem morre.

Manuel Bandeira






        Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho, de seu nome completo, nasceu em Recife aos 
19 de abril de 1886 e faleceu no Rio de Janeiro a 13 de outubro de 1968.
        Consagrou-se como escritor na área da poesia.
        Fez parte da geração do modernismo do Brasil.
        A sua reputação permitiu-lhe ser eleito para a Academia Brasileira de Letras.

domingo, 23 de março de 2025

 

Semana Comemorativa do Dia Mundial da Poesia






Amor e Poesia

A hora da poesia
Passa a qualquer momento,
Mas festeja o seu dia
Do vernal no advento.

Já reverdecem as franças,
Renova-se a natureza,
Desfazem-se as tuas tranças
Cobrindo tua beleza.

Primavera e poesia
Convivem no mesmo elo,
Mantendo a sintonia
Com o amor no mesmo anelo.

E assim no mesmo passo,
Numa aura de magia,
Eu amo no teu abraço
A hora da poesia.

Juvenal Nunes




domingo, 16 de março de 2025

 POEMAS POR TEMAS

JOÃO XAVIER DE MATOS



Tema : Alegria

Que assim Sai a Manhã

Que assim sai a manhã, serena e bela!
Como vem no horizonte o sol raiando!
Já se vão os outeiros divisando,
já no céu se não vê nenhuma estrela.

Como se ouve na rústica janela
do pátrio ninho o rouxinol cantando!
Já lá vai para o monte o gado andando,
já começa o barqueiro a içar a vela.

A pastora acolá, por ver o amante,
com o cântaro vai à fonte fria;
cá vem saindo alegre o caminhante;

Só eu não vejo o rosto da alegria:
que enquanto de outro sol morar distante,
não há-de para mim nascer o dia.

João Xavier de Matos








        João Xavier de Matos é o nome de um poeta português que nasceu em Lisboa, por volta 
da 3ª década do séc. XVIII e faleceu em Vila de Frades, em 3 de novembro de 1789.
        Com o pseudónimo de Albano Eritreu fez parte da Arcádia Portuense.
        Ao estilo de Camões evidenciou-se na poesia bucólica e foi sonetista.

sexta-feira, 7 de março de 2025



 O PARNASIANISMO

CESÁRIO VERDE





Eu e Ela

Cobertos de folhagem, na verdura,
O teu braço ao redor do meu pescoço,
O teu fato sem ter um só destroço,
O meu braço apertando-te a cintura;

Num mimoso jardim, ó pomba mansa,
Sobre um banco de mármore assentados.
Na sombra dos arbustos, que abraçados,
Beijarão meigamente a tua trança.

Nós havemos de estar ambos unidos,
Sem gozos sensuais, sem más idéias,
Esquecendo para sempre as nossas ceias,
E a loucura dos vinhos atrevidos.

Nós teremos então sobre os joelhos
Um livro que nos diga muitas cousas
Dos mistérios que estão para além das lousas,
Onde havemos de entrar antes de velhos.

Outras vezes buscando distração,
Leremos bons romances galhofeiros,
Gozaremos assim dias inteiro,
Formando unicamente um coração.

Beatos ou pagãos, vida à paxá,
Nós leremos, aceita este meu voto,
O Flos-Sanctorum místico e devoto
E o laxo Cavaleiro de Faublas...

Cesário Verde






        Cesário Verde nasceu em Lisboa, em 25 de fevereiro de 1855 e faleceu na mesma cidade 
em 19 de julho de 1886. Partiu precocemente, aos 31 anos de idade, ceifado pela tuberculose 
pulmonar, que o atacou.
        Trata-se de um poeta de rara sensibilidade com um estilo poético muito peculiar e 
inovador.
        A sua obra retrata, atentamente, o quotidiano, numa constante dicotomia entre a cidade e o 
campo.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

 POETAS DE PARABÉNS

JOAQUIM PESSOA







Houve uma Ilha em Ti

Houve uma ilha em ti que eu conquistei.
Uma ilha num mar de solidão.
Tinha um nome a ilha onde morei.
Chamava-se essa ilha Coração.

Que saudades do tempo que passei.
Nenhum desses momentos foi em vão.
Do teu corpo, de ti, já nada sei.
Também não sei da ilha, não sei, não.

Só sei de mim, coberto de raízes.
Enterrei os momentos mais felizes.
Vivo agora na sombra a recordar.

A ilha que eu amei já não existe.
Agora amo o céu quando estou triste
por não saber do coração do mar.

Joaquim Pessoa




        

        Joaquim Pessoa nasceu no Barreiro em 22 de fevereiro de 1948 e faleceu na mesma cidade em 17 de abril de 2023. Além de artista plástico, publicitário e estudioso de arte pré-histórica portuguesa é aqui recordado como poeta. Nesta área foram-lhe atribuídos vários prémios, estando traduzido em várias línguas.
        Escreveu inúmeras letras para artistas portugueses sendo a sua principal obra O Livro da Noite.


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

 HOMENAGEM A MARIA TERESA HORTA


        Em 4 de fevereiro de 2025 faleceu em Lisboa a poetisa, jornalista e ativista portuguesa Maria Teresa Horta. A sua ausência física substitui-se à sua obra, que perdurará.






Segredo

Não contes do meu
vestido
que tiro pela cabeça

nem que corro os
cortinados
para uma sombra mais espessa

Deixa que feche o
anel
em redor do teu pescoço
com as minhas longas
pernas
e a sombra do meu poço

Não contes do meu
novelo
nem da roca de fiar

nem o que faço
com eles
a fim de te ouvir gritar

Maria Teresa Horta





        Mulher controversa, porque se revelou inconformada ativista, o seu trabalho literário mereceu, em vida, vários prémos e condecorações dos quais se destacam, entre muitos outros:
    2011 - o Prémio D. Dinis da Fundação Casa de Mateus;
    2022 - condecorada a 21 de abril com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade.

sábado, 15 de fevereiro de 2025

 RESCALDO 

DA 4ª CELEBRAÇÃO DE S. VALENTIM

A SETA DE CUPIDO




        Hoje é o dia em que encerra o desafio proposto da Celebração de S. Valentim.
        Aos participantes, em primeiro lugar, quero agradecer todo o seu empenho e disponibilidade na escrita dos prestimosos trabalhos, que dão corpo à iniciativa.
        Seguidamente, agradeço também àqueles leitores que, com o seu comentário, ajudam a dinamizar o espírito do desafio.
        Um grande bem haja para todos.

        Muito obrigado.

        Juvenal Nunes




terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

 DIA DOS NAMORADOS

4ª CELEBRAÇÃO DE S. VALENTIM

A SETA DE CUPIDO






Dia dos Namorados

A caminhar no jardim
Seguem juntos de mãos dadas,
O perfume do jasmim
Deixa as almas incensadas.

No compasso desse passo
Sob verde baldaquino
Por cada sentido abraço
Vai-se vincando o destino.

Pelas áleas perfumadas,
Por onde se abre o caminho,
As almas apaixonadas
Mostram sinais de carinho.

O amor é uma aventura,
Que se busca com sentido,
Vestido com a ternura
Pela seta de Cupido.

Juvenal Nunes




quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

 4ª CELEBRAÇÃO DE S. VALENTIM

A SETA DE CUPIDO


         O Dia dos Namorados comemora-se no dia 14 de fevereiro e tem como padroeiro S. Valentim.
        Gostaria de propor, a todos os escritores visitantes, a escrita de um poema sobre a referida efeméride.

        Quem quiser participar deverá:

       -- postar o texto no seu blog, antecedido do distintivo pictográfico apresentado.

       Saudações poéticas.



        Juvenal Nunes


Participantes:


Rosélia Bezerra: Do Enamoramento


Ana Tapadas: Ao Amor 

Olinda Melo (Mário Margaride): O Amor Na Sua Plenitude


Maria Rodrigues: A Seta de Cupido

Juvenal Nunes: Dia dos Namorados

Mário Margaride: O Nosso Encontro

J. P. Alexander: Eu Amo-te